Priscila Barbosa Bezerra - A relação entre agressividade, funções executivas e comportamento antissocial em universitários

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DISSERTAÇÃO MESTRADO PRISCILA BARBOSA BEZERRA.pdf
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                    UNIVERSIDADE DE ALAGOAS
INSTITUTO DE PSICOLOGIA – IP
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

PRISCILA BARBOSA BEZERRA

A RELAÇÃO ENTRE AGRESSIVIDADE, FUNÇÕES EXECUTIVAS E
COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL EM UNIVERSITÁRIOS

Maceió
2017

PRISCILA BARBOSA BEZERRA

A RELAÇÃO ENTRE AGRESSIVIDADE, FUNÇÕES EXECUTIVAS E
COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL EM UNIVERSITÁRIOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao
programa
de
Pós-Graduação
em
Psicologia da Universidade Federal de
Alagoas, como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em
Psicologia.
Orientador: Prof.
Ferreira Póvoa

Maceió
2017

Dr.

Raner

Miguel

Folha de aprovação

AUTOR: PRISCILA BARBOSA BEZERRA

(A relação entre agressividade, impulsividade, funções executivas e comportamento
antissocial em universitários / dissertação de mestrado em psicologia, da
Universidade Federal de Alagoas, na forma normalizada e de uso obrigatório)

Dissertação submetida ao corpo
docente do Programa de PósGraduação
em
Psicologia
da
Universidade Federal de Alagoas e
aprovada em ___de ___________ de
______.

___________________________________________________________________
Profº Dr. Raner Miguel Ferreira Póvoa, Universidade Federal de Alagoas(Orientador)

Banca examinadora:

___________________________________________________________________
Profº Dr. Jorge Artur Peçanha de Miranda Coelho, Universidade Federal de Alagoas
(Examinador interno)

___________________________________________________________________
Profº Dr. Valfrido Leão de Melo Neto, Universidade Federal de Alagoas
(Examinador externo)

Para minha mãe,
que sempre me inspirou a batalhar pelos meus sonhos,
mesmo quando estes pareciam distantes.

Para minha filha Júlia.

AGRADECIMENTOS

Minha eterna gratidão ao professor Dr. Raner Miguel Ferreira Póvoa, que me
inspirou desde a graduação a sempre adquirir novos conhecimentos, e apesar de
seu estado de saúde sempre esteve presente ao seu modo, incentivando a
finalização deste trabalho.
À minha mãe Vanusia Vilar Barbosa, que sempre disse que sua única
herança a ser deixada seria a educação, aos meus irmãos Alan Barbosa Bezerra e
André Barbosa Bezerra,onde cada um a sua maneira, sempre me apoiaram e
prezaram pelo meu engrandecimento enquanto estudante, profissional e ser
humano. A meu companheiro de todas as horas Ricardo Emídio Lessa Santos, que
com toda sua paciência sempre esteve presente.
Aos professores Jorge Artur Peçanha de Miranda Coelho e Valfrido Leão de
Melo Neto, por suas contribuições para a presente dissertação e pela disponibilidade
em prontamente aceitar o convite para compor a banca de defesa, compartilhando
suas ideias, sugestões e pontos de vista. A professora Sheyla Christine Santos
Fernandes, que gentilmente presidiu a banca deste trabalho.
À todos os professores e colegas de mestrado, que de alguma maneira, com
suas diferentes abordagens contribuíram para ampliar meus horizontes dentro da
neuropsicologia.Ao grupo de Pesquisa em Neurociência e Neuropsicologia –
GpeNN, em especial a Márcio, Mayara, Kedma e Laura, pela colaboração na coleta
de dados.
À minha imensa gratidão a Vanina Papini Góes Teixeira, por me ajudar a
tornar possível este trabalho,e ser um modelo de profissional que eu gostaria de ser.
A Katiúscia Karine Maritns da Silva, pelos conselhos e amizade nas horas difíceis e
a Ana Laura Delmonte Brito por sua capacidade de me tornar um ser humano
melhor.
A Deus, que inexplicavelmente me fez sentir sua presença nos momentos
mais difíceis desta caminhada.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por
conceder os recursos que possibilitaram minha pesquisa.
A todos os leitores.

De todos os animais selvagens, o homem jovem é o mais difícil de domar.
PLATÃO

RESUMO

O comportamento agressivo é essencial para sobrevivência, contudo, esse
comportamento pode se tornar mal adaptado à medida que causa prejuízos e até
mesmo morte dos indivíduos. Estudos demonstram o envolvimento do Córtex PréFrontal (CPF), responsável pelas Funções Executivas (FE) no controle dos
comportamentos agressivos e impulsivos, além disso, os comportamentos
agressivos e impulsivos podem estar relacionados a traços de personalidade
antissocial, muitas vezes encontrados num nível subclínico na população em geral.
Esses traços variam dentro de um espectro, tornando os indivíduos diferentemente
vulneráveis a diferentes formas de agressão e impulsividade. Este estudo teve como
objetivo investigar os comportamentos agressivos (físico, verbal, raiva, hostilidade e
relacional) e impulsivos (atencional, por não planejamento e motor) em estudantes
universitários, levando em consideração os componentes executivos (atenção,
memória operacional, tomada de decisão e planejamento, flexibilidade cognitiva e
controle inibitório), relacionando este resultado com a possível existência de traços
de comportamento antissocial nestes indivíduos. Para isso, foi realizado um estudo
quantitativo do tipo observacional. Para tanto, foi aplicado um questionário
sociodemográfico que permitiu a identificação dos participantes, posteriormente foi
realizada uma bateria flexível com 7 testes neuropsicológicos. Os instrumentos
utilizados foram: Escala de Impulsividade de Barrat-BIS-11 (avaliação da
impulsividade e avaliação do controle inibitório se utilizado como medida inversa); o
Questionário de Agressão de Buss-Perry (avaliação de agressividade física, verbal,
raiva, hostilidade e agressão geral); A Escala de Agressão Relacional (avaliação da
agressão relacional); Escala de Psicopatia de Levenson (avaliação de traços de
comportamento antissocial); o Stroop Test (avaliação de controle inibitório); o Digt
Span (avaliação da atenção e memória operacional) e o Iowa Gambling Task-IGT
(avaliação de tomada de decisão). Foram avaliados 155 estudantes universitários de
diferentes cursos de graduação, com idade entre 18 e 35 anos (M=23,25; DP=3,89),
sendo 92 (59,4%) mulheres e 63 homens (40,6%). Utilizaram-se estatísticas
descritivas, para apresentação dos resultados, e estatísticas inferenciais dos tipos
correlação r de Pearson para verificar o nível de relação entre as variáveis
estudadas. Os resultados reportaram a existência de relações estatisticamente
significativas entre impulsividade global e agressão relacional (n=155; r= 0,26; p<
0,05); impulsividade global e agressividade geral (n=155; r= 0,36; p< 0,05);
agressividade geral e comportamento antissocial (n=155; r= 0,51; p< 0,05); agressão
relacional e comportamento antissocial (n=155; r= 0,45; p< 0,05); impulsividade e
comportamento antissocial (n=155; r= 0,46; p< 0,05) e agressividade geral e
agressão relacional (n=155; r= 0,54; p< 0,05). Em contraste não houve relação
significativa entre impulsividade, agressividade (física, verbal, raiva, hostilidade e
relacional), e traços de comportamento antissocial com os domínios das funções
executivas (atenção, memória operacional, tomada de decisão e planejamento e
controle inibitório e flexibilidade cognitiva). Este estudo contribui para compreender a
relação dessas variáveis em uma população adulta, visto que os estudos com esse
tipo de amostra ainda são escassos.
Palavras-chave:. Agressividade.Funções executivas.Comportamento antissocial.

SUMMARY
The aggressive behavior is essential for survival, however, this behavior may
become ill-adapted as it causes harm and even death for individuals. Studies
demonstrate the involvement of the Prefrontal Cortex (CPF), which is responsible for
executive functions (FE) in the control of aggressive and impulsive behaviors;
moreover, aggressive and impulsive behaviors may be related to antisocial
personality traits, often found at a level subclinical in the general population. These
traits vary within a spectrum, making individuals differently vulnerable to different
forms of aggression and impulsivity. This study aimed to investigate aggressive
behaviors (physical, verbal, anger, hostility and relational) and impulsive (attentional,
non-planning and motor) behaviors in university students, taking into account the
executive components (attention, operational memory, decision making and
planning, cognitive flexibility and inhibitory control), relating this result to the possible
existence of traits of antisocial behavior in these individuals. For this, a quantitative
study of the observational type was carried out. A sociodemographic questionnaire
was used to identify the participants, and a flexible battery with 7 neuropsychological
tests was later performed. The instruments used were: Impulsivity scale of BarratBIS-11 (evaluation of impulsivity and evaluation of inhibitory control if used as an
inverse measure); the Buss-Perry Aggression Questionnaire (evaluation of physical
aggression, verbal, anger, hostility and general aggression); The Relational
Aggression Scale (evaluation of relational aggression); Levenson Psychopathology
Scale (evaluation of traits of antisocial behavior); the Stroop Test (evaluation of
inhibitory control); the Digt Span (attention assessment and operational memory) and
the Iowa Gambling Task-IGT (decision-making assessment). Fifty-five college
students from different undergraduate courses, aged between 18 and 35 years (M =
23.25, SD = 3.89) were evaluated, 92 (59.4%) women and 63 men (40.6%), .
Descriptive statistics were used to present the results, and inferential statistics of the
Pearson correlation types were used to verify the level of relationship between the
studied variables. The results reported the existence of statistically significant
relationships between global impulsivity and relational aggression (n = 155, r = 0.26,
p <0.05); overall impulsivity and general aggressiveness (n = 155, r = 0.36, p <0.05);
general aggressiveness and antisocial behavior (n = 155, r = 0.51, p <0.05);
relational aggression and antisocial behavior (n = 155; r = 0.45, p <0.05);
impulsiveness and antisocial behavior (n = 155, r = 0.46, p <0.05) and general
aggression and relational aggression (n = 155, r = 0.54, p <0.05). In contrast, there
was no significant relationship between impulsivity, aggressiveness (physical, verbal,
anger, hostility and relational), and traits of antisocial behavior with executive function
domains (attention, operational memory, decision making and inhibitory planning and
control, and cognitive flexibility ). This study contributes to understand the
relationship of these variables in an adult population, since studies with this type of
sample are still scarce.
Key words: Aggressiveness. Executive functions. Antisocial behavior.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de
confiança de

95% para idade (n=155)..................................................................38

Tabela 2 - Frequência por sexo total (n=155)............................................................38
Tabela 3 - Frequência por curso total (n=155)...........................................................39
Tabela 4 - Período letivo do curso total (n=155)........................................................39
Tabela5 - Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de
confiança de 95% para Escala de Agressão Relacional (n=155)..............................40
Tabela 6 - Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de
confiança de 95% para o teste Stroop Neuropsicológico (n= 155)............................40
Tabela 7 - Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de
confiança de 95% para o teste Digit Span (n= 155)...................................................41
Tabela 8 - Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de
confiança de 95% para o teste IGT (n= 155).............................................................42
Tabela 9 - Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de
confiança de 95% para os Fatores da Escala de Impulsividade de Barrat-BIS-11 (n=
155)............................................................................................................................43
Tabela 10 - Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de
confiança de 95% para os Fatores da Escala de Agressão de Buss-Perry (n=
155)............................................................................................................................44
Tabela 11 - Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de
confiança de 95% para os Fatores da Escala de Psicopatia de Levenson (n=
155)............................................................................................................................45
Tabela 12 - Relação entre impulsividade/falta de controle inibitório e agressão
relacional em estudantes universitários (n= 155).......................................................47
Tabela 13 - Relação entre tipos de agressividade e impulsividade/Falta de controle
em estudantes universitários (n= 155).......................................................................49
Tabela 14 - Correlação entre tipos de agressividade e traços de comportamento em
estudantes universitários (n= 155).............................................................................50
Tabela 15 - Relação entre agressão relacional e traços de comportamento
antissocial em estudantes universitários (n= 155).....................................................51
Tabela 16 - Relação entre tipos de impulsividade/Falta de controle inibitório e traços
de comportamento antissocial em estudantes universitários (n= 155)......................52

Tabela 17 - Relação entre tipos de agressividade e agressão relacional em
estudantes universitários (N= 155).............................................................................52
Tabela 18 - Relação entre impulsividade/ Falta de controle inibitório e funções
executivas: atenção, memória operacional, tomada de decisão e planejamento e
controle inibitório (n= 155)..........................................................................................53
Tabela 19 - Relação entre tipos de agressividade e funções executivas: atenção,
memória operacional, tomada de decisão e planejamento e controle inibitório (n=
155)............................................................................................................................54
Tabela 20 - Relação entre agressão relacional e funções executivas: atenção,
memória operacional, tomada de decisão e planejamento e controle inibitório (n=
155)............................................................................................................................54
Tabela 21 - Relação entre traços de comportamento e funções executivas: atenção,
memória operacional, tomada de decisão e planejamento e controle inibitório (n=
155)............................................................................................................................55

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CPF

Córtex Pré Frontal

FE

Funções executivas

BIS-11 Barrat Impulsiviness Scale
IGT

Iowa Gambling Task

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO. ................................................................................................... 14
2. COMPORTAMENTO AGRESSIVO ..................................................................... 60
3. FUNÇÕES EXECUTIVAS .................................................................................... 20
3.1. Relações entre comportamento agressivo e funções executivas. ................. 21
4. COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL ....................................................................... 23
4.1. Relações entre comportamento antissocial e funções executivas .................. 26
4.2. Relações entre comportamento antissocial e comportamento agressivo ...... 27

5. RELAÇÕES

ENTRE

COMPORTAMENTO

AGRESSIVO,

FUNÇÕES

EXECUTIVAS E COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL ....................................... 28
6. OBJETIVOS ........................................................................................................ 30
6.1. Objetivo geral ................................................................................................ 30
6.2. Objetivos específicos ..................................................................................... 30

7. MATERIAL E MÉTODO ...................................................................................... 31
7.1. Delineamento ................................................................................................ 31
7.2. Local da pesquisa.......................................................................................... 31
7.3. Sujeitos .......................................................................................................... 31

7.4. Critérios de inclusão ...................................................................................... 31
7.5. Critérios de exclusão ..................................................................................... 32

7.6. Razões para utilização de grupos vulnerados ............................................... 32
7.7. Procedimentos............................................................................................... 32
7.8. Instrumentos .................................................................................................. 33
7.9. Análise dos dados ......................................................................................... 36
7.10. Relações risco/Benefícios da pesquisa.......................................................36
8. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 38
8.1. Limitações e Direcionamentos futuros ........................................................... 55
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 57

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59
APÊNDICE ................................................................................................................ 67
ANEXOS ................................................................................................................... 72

14

1 INTRODUÇÃO

O comportamento agressivo foi evolutivamente selecionado, tem uma função
importante de proteção e está presente em todos os animais, inclusive nos seres
humanos,

contudo,

os

contatos

agressivos

seriam

considerados

como

potencialmente mal-adaptados uma vez que podem resultar em severos ferimentos
e mesmo morte dos indivíduos.
A agressividade é definida como qualquer forma de comportamento dirigido a
prejudicar ou causar dano a alguém, resultando danos físicos ou verbais a si
mesmo, a outros ou ainda a objetos. (YUDOFSKY; HALES, 2006). Existem
diferentes formas de expressão da agressividade, quais sejam física, verbal,
sentimento de raiva e hostilidade. Existem ainda, formas mais sutis de
comportamento agressivo, como é o caso da agressão relacional, a qual, tem como
base a manipulação e exclusão social.
Vários estudos demonstram o envolvimento da região cerebral conhecida
como „Córtex Pré-Frontal‟ (CPF) no controle inibitório do comportamento agressivo
(PASCHALL; FISHBEIN, 2002). O CPF é o responsável pelas funções executivas,
que se referem a todos aqueles processos cognitivos envolvidos na iniciação,
planejamento e regulação do comportamento. Tais processos são: planejamento,
memória operacional, tomada de decisão, flexibilidade cognitiva, atenção e controle
inibitório (JURADO; ROSSELLI, 2007). A relação entre alterações nas funções
executivas e o controle do comportamento agressivo cada vez se torna mais clara,
mas os estudos ainda são escassos (VICTOROFF, 2009), o que torna imperativo,
estudos mais aprofundados, principalmente a respeito do controle inibitório
proporcionado pelas funções executivas sobre o comportamento agressivo
(GOLDBERG, 2002).
O controle inibitório se refere à capacidade de inibir respostas prepotentes
para as quais o indivíduo apresenta uma forte tendência, estímulos distratores, ou
interrupção de respostas em curso (ANDRADE; DOS SANTOS; BUENO, 2004).
Sendo assim, comportamentos agressivos e impulsivos surgem como o resultado da
disfunção desta função executiva exercida pelo córtex pré-frontal. Somado a este
fato, a agressividade é, ainda, decorrente de alguns traços de personalidade,
principalmente antissociais.

15

Hipóteses modernas descrevem a existência de níveis subclínicos destes
traços de personalidade que, em conjunto com outros fatores, como alteração no
processo de amadurecimento do CPF, estariam envolvidos nos comportamentos
agressivos. Uma vez que os traços de personalidade antissocial são robustos
preditores disposicionais para a agressão, surpreende-nos os poucos estudos que
correlacionam

o

potencial exercido

por determinados traços

sobre

estes

comportamentos e as funções executivas (PORTER; WOODSWOTH, 2006). Estas
últimas têm, entre outras funções, o papel de inibir os impulsos agressivos e, por isto
mesmo, acredita-se que elas estejam deficientes em portadores do transtorno de
personalidade antissocial, transtorno de personalidade borderline e, inclusive,
psicopatas (STORCH et al., 2004).
Até o presente momento, estudos encontrados verificaram a existência per se
destes traços em grupos de indivíduos considerados “socialmente adaptados” (sem
histórico criminal). Em um estudo sobre a associação das funções executivas com
comportamentos antissociais e agressividade em atletas, foi sugerido que déficits
pré-frontais em atletas do sexo masculino podem trazer prejuízos no controle
impulsivo,

dificultando

a

antecipação

de

consequências

futuras

de

seus

comportamentos antissociais e agressivos, gerando assim comportamentos maladaptados (MICAI; KAVUSSANU; RING, 2015). Em outro estudo, desta vez com
crianças, foi investigado a relação das funções executivas com a agressividade e
constatou-se que o mau funcionamento executivo, em especial o controle inibitório
está ligado à agressividade em suas diferentes formas (POLAND; MONKS;
TSERMENTSELI, 2015).
Em uma pesquisa sobre agressão em estudantes universitários e sua relação
com ansiedade social e empatia comprovou-se que colegiais do sexo masculino que
apresentavam altos índices de agressão, também se caracterizavam por serem
pouco empáticos. (LOUDIN; LOUKAS; ROBINSON, 2003). Outro estudo, que
analisou a associação de traços psicopáticos com a agressão e delinquência,
pesquisadores demonstraram a existência de traços de psicopatia associados à
agressão em estudantes de escola pública com idades entre 10 e 17 anos
(MARSEE; SILVERTHORN; FRICK, 2005).
Outra pesquisa sobre transtornos de personalidade e psicopatia foi
demonstrado que a agressão está associada com determinados fatores de
personalidade em uma medida auto-avaliativa de traços antissociais em colegiais

16

com histórico de comportamento agressivo (SCHEMEELK; SYLVERS; LILIENFELD,
2008), ainda, em um estudo que relacionou a psicopatia e o modelo de cinco fatores
de personalidade demonstrou-se que os traços de personalidade antissocial estão
positivamente correlacionados com a agressão entre colegiais, e que esta relação
varia de acordo com o gênero, sendo mais forte nos homens (MILLER; LYNAM,
2003).
Finalmente, em uma pesquisa sobre traços de personalidade antissocial e
agressão, pesquisadores demonstraram a presença de níveis elevados de traços
antissociais em universitários de ambos os sexos que relataram a existência de
comportamento agressivo tanto nos relacionamentos amorosos quanto sociais.
(CZAR et al., 2011). Este resultado, de certa forma, corrobora estudos realizados em
estudantes mais novos, apesar do envolvimento dos traços de personalidade
antissocial ainda não serem plenamente compreendidos.
Os fatos vistos anteriormente tornam possível a elaboração de uma hipótese
na qual os comportamentos agressivos estejam relacionados com traços de
personalidade antissocial, muitas vezes encontrados num nível subclínico, ou seja,
sem manifestação de sintomas aparentes na população. Acredita-se ainda, que
estes traços estejam diretamente envolvidos com o processo de desenvolvimento do
córtex pré-frontal e das funções executivas, em especial, o controle inibitório
exercido por este.
Uma vez que é sabido que o CPF é a última região cerebral a terminar seu
amadurecimento, no início da vida adulta (CONSENZA; GUERRA, 2011), a
importância de se investigar esta correlação em jovens adultos (estudantes
universitários) reside no fato de que o comportamento agressivo poder estar
envolvido com o amadurecimento do CPF e de suas principais funções (funções
executivas), principalmente no controle inibitório (de ações agressivas). Neste caso,
sabe-se que, ao longo da adolescência, ao mesmo tempo em que a substância
cinzenta do córtex pré-frotal diminui, a substância branca subjacente se expande,
processo que está biologicamente relacionado à melhora em várias funções préfrontais básicas, como a memória de trabalho e capacidade de seleção e inibição
comportamental (PAUS; KESHAVAN; GIEDD, 2008).
Daí a necessidade de uma investigação neuropsicológica em jovens adultos
que leve em consideração esses aspectos, a escolha por esta população cumpre
ainda duas importâncias, quais sejam, em primeiro lugar são indivíduos que estão

17

em pleno amadurecimento do CPF e, em segundo lugar, apresentam um convívio
grupal intenso e propício a apresentações de comportamentos agressivos.
Neste sentido, o presente estudo tem por objetivo verificar as diferentes
formas de expressão do comportamento agressivo em estudantes universitários,
bem como realizar uma verificação do componente executivo inibitório sobre os
comportamentos agressivos.
Pretende-se,

ainda,

correlacionar

estes

achados

com

traços

de

comportamento antissocial nestes indivíduos. A compreensão deste processo
possibilitará o desenvolvimento de estratégias socioeducativas e até mesmo
terapêuticas para combater esta forma de violência.

2 COMPORTAMENTO AGRESSIVO

O comportamento agressivo foi evolutivamente selecionado, tem uma função
importante de proteção e está presente em todos os animais, inclusive nos seres
humanos. Em todo o reino animal a demonstração do comportamento agressivo tem
uma importante função biológica na aquisição e defesa de um território, status social
e fontes vitais para a sobrevivência, tais como, alimento, abrigo ou parceiros sexuais
(RICHTER, et al. 2011). Contudo, os contatos agressivos podem ser considerados
como potencialmente mal-adaptados uma vez que podem resultar em severos
ferimentos e mesmo morte dos indivíduos. Formas inapropriadas de comportamento
agressivo são altamente prevalentes nos seres humanos, estes comportamentos
agressivos, sendo ou não resultados de transtornos mentais, podem gerar violência,
tanto intrapessoal quanto interpessoal (LIU, 2011).
A agressão é um comportamento disruptivo, considerado universal no início
da vida, contudo, os comportamentos agressivos, vão se dissipando à medida que
as crianças aprendem comportamentos socialmente aceitáveis através das
interações com seus ambientes (TREMBLAY, 2010). De acordo com Crick et.al.,
(2003) e Dodge e Coie (2006) a agressão pode ser entendida como a intenção de
prejudicar, ou ferir outros, como também pode ser definida, como qualquer forma de
comportamento dirigido a prejudicar, ou causar malefícios a outra pessoa,resultando
danos físicos ou verbais a si mesmo, a outros ou ainda a objetos. (YUDOFSKY;
HALES, 2006). Sobre a etiologia do comportamento agressivo e violento, as teorias
enfatizam principalmente fatores biológicos e psicossociais, entre os fatores de risco

18

para comportamento agressivo estão: à má nutrição, pré e pós natal negligenciados,
uso do tabaco durante a gestação, depressão ou estresse materno, complicações no
parto, lesão cerebral traumática, exposição ao chumbo e abuso infantil (LIU, 2011).
Em relação à função, a agressividade pode ser classificada em agressão
reativa e proativa (CRICK; DODGE, 1996). A agressão reativa é utilizada
basicamente como modo de defesa e ocorre de maneira impulsiva (OSTROV et.al.,
2013). De acordo com Rossel e Siever (2015), a agressão reativa é destinada à
captura, vindo acompanhada de raiva ou hostilidade, ela ocorre em resposta à
frustração ou provocação geralmente percebida em contexto interpessoal e é
motivada pelo propósito rudimentar de eliminar estados de afeto desagradável. Já a
agressão proativa é premeditada e instrumental (DODGE, 1991), sendo orientada
para objetivos, pode ser resultado da aprendizagem social (DODGE; COIE, 1987),
tal agressão não envolve um estado negativo como raiva ou hostilidade, ela é
normalmente iniciada pelo ofensor, em vez do provocado, e é explicitamente
motivada por uma expectativa de obtenção de valor, como, um objeto, recompensa,
poder, status, ou ainda dominância social (ROSSEL; SIEVER, 2015).
Existem diferentes formas de expressão da agressividade, quais sejam física,
verbal, raiva e hostilidade, além de outras mais sutis e indiretas como a agressão
relacional. A agressão física é a tentativa de prejudicar ou controlar outros através
de atos físicos (CRICK; ZAHN-WAXLER, 2003; DODGE; COIE, 2006), está
relacionada ao ataque envolvendo contato, seja a pessoas ou a objetos, trata-se de
bater, revidar fisicamente a provocações, envolvimento em brigas corporais,
destruição de objetos ou propriedades, etc. A agressão verbal diz respeito a
comportamentos relacionados à verbalização de xingamentos, ameaças e/ou
discussões com demonstração de raiva e hostilidade quando a pessoa se sente
frustrada ou contrariada em relação à opinião de outras pessoas. Logo, a agressão
Física e verbal representam o componente instrumental ou motor do comportamento
agressivo (BUSS; PERRY, 1992).
A raiva representa o componente emocional ou afetivo, envolve extrema
excitação fisiológica, sendo muitas vezes um prelúdio para agressão física e verbal.
(GARCÍA-SANCHO et al, 2017; BUSS; PERRY, 1992), já a hostilidade consiste em
sentimentos de vontade e injustiça, a mesma representa o componente cognitivo do
comportamento (BUSS; PERRY, 1992).

19

A agressão relacional, também chamada de agressão indireta ou social é
exclusiva dos seres humanos, trata-se de uma estratégia social utilizada para
alcançar objetivos, quando os custos da agressão direta são elevados (ARCHER;
COYNE, 2005). O conceito de agressão relacional foi introduzido por Crick e
Grotpeter (1995), de acordo com esses autores, tal expressão da agressividade, tem
por base a manipulação de relacionamentos.
A agressão relacional pode ser definida como aquela forma de violência que
envolve danos nos relacionamentos interpessoais e de exclusão do grupo (CRICK et
al., 1998), refere-se a prejudicar os outros através da manipulação de
relacionamentos entre pares, como a disseminação de rumores negativos,
prejudicando a reputação de alguém (ORPINAS; MCNICHOLAS; NAHAPETYAN,
2015). Exemplos de agressão relacional incluem as fofocas, maledicências,
manipulações sociais, exclusão social ou ameaça de exclusão grupal, caso a vítima
não ceda aos desejos do(s) agressor(es) (ARCHER; COYNE, 2005; CRICK;
GROTPETER, 1995; CRICK; ZAHN-WAXLER, 2003; MATHIESON; CRICK, 2010;
OSTROV et.al., 2013). A agressão relacional engloba ainda o bullying e outras
formas de comportamento agressivo que podem ocorrer em vários locais e contextos
do dia-a-dia (CRICK; OSTROV; WERNER, 2006).
Neste sentido, a agressão relacional, distingue-se da agressão física ou
verbal por ser uma forma mais sutil e dirigida mais diretamente para os
relacionamentos (LINDER; CRICK; COLLINS, 2002), além disso, a agressão
relacional faz necessariamente uso de exclusão social e rejeição para ferir uma
vítima (ORPINAS; MCNICHOLAS; NAHAPETYAN, 2015).
A agressão relacional é mais comum em mulheres (ARCHER, 2004; CRICK;
ZAHN-WAXLER, 2003; CRICK; GROTPETER, 1995), contudo pode ser prevalente
em jovens de ambos os sexos e ser percebida nas várias as fases da vida. Na
infância pode ser observada em ações como: exclusão de festas e ameaças de
acabar com a amizade, caso a vítima na queira fazer o que o agressor deseja; na
adolescência se manifestar através de fofocas, exclusão de grupos, críticas
referentes a vestimentas e estilo de vida e na vida adulta pode ser observada dentro
do ambiente de trabalho, em atos como pressionar alguém indevidamente, suprimir
a opinião de outros, julgar o trabalho de alguém de modo injusto, ou nos
relacionamentos, como fazer o companheiro se sentir mal ou culpado, ser infiel por
vingança, entre outros (ARCHER; COYNE, 2005)

20

Vale salientar que formas não-físicas de agressão são tão danosas quanto às
formas mais diretas de violência, deixando cicatrizes profundas em suas vítimas, as
quais, muitas vezes, poderão desenvolver transtornos afetivos ou de humor mais
tarde. Estas vítimas, usualmente experienciam depressão, ansiedade, sentimento de
abandono e utilizam formas destrutivas de enfrentamento (ELLIS; WEISS;
LOCHMAN, 2009).
Nos últimos anos, vários estudos de agressão identificaram o envolvimento
maciço de crianças e adolescentes tanto como perpetradores, quanto como vítimas
desta forma de violência. Tanto as vítimas quanto os agressores apresentam risco
aumentado

de

desenvolver

comportamentos

delinquentes

e

drogadicção

(SULLIVAN; FARREL; KLIEWER, 2006). Existem poucos estudos direcionados para
os indivíduos no início da idade adulta (SCHEMEELK; SYLVERS; LILIENFELD,
2008).

É importante destacar a relevância de estudos que identifiquem esses

comportamentos em populações pouco estudadas, como é o caso da população
adulta. Tendo em vista essa lacuna no campo científico, tem-se a necessidade da
realização de trabalhos que abarquem esse tipo de amostra, contribuindo assim
para a compreensão das diferentes formas de expressividade da agressão.

3 FUNÇÕES EXECUTIVAS
O termo “funções executivas” diz respeito a todos aqueles processos
cognitivos envolvidos na iniciação, planejamento e regulação do comportamento.
Tais processos são: planejamento, memória operacional, tomada de decisão,
flexibilidade cognitiva, atenção e controle inibitório (JURADO; ROSSELLI, 2007). Em
conjunto, essas funções agem de forma integrada, permitindo ao indivíduo orientar
comportamentos a metas, monitorar a eficiência desses comportamentos e
selecionar estratégias mais eficazes, possibilitando a resolução de problemas
imediatos, de médio e longo prazo (MALLOY-DINIZ et al., 2008), logo, o
desenvolvimento das funções executivas é um importante marco adaptativo na
espécie humana, (MALLOY-DINIZ et al., 2010), pois permite ao indivíduo manipular
seu comportamento frente as demandas ambientais (SEABRA; COLS, 2014).
Tais funções estão ainda, relacionadas a alguns componentes universais da
natureza dos seres humanos, como a formação de coalizões, a capacidade de imitar
e de aprender com a observação e, ainda, com as habilidades comunicativas e a

21

capacidade de lidar com grupos, resguardando-se de suas influências e
manipulações (FUENTES et al., 2008).
A maior profusão de estudos neste campo se refere ao controle inibitório
(BESTE et al., 2010), altruísmo (DJAMSHIDIAN et al., 2011), impulsividade (HOMER
et al., 2009), percepção social (MCDONALD; FLANAGAN, 2004) e comportamento
agressivo (CHAMBERS, 2010).
A relação entre alterações nas funções executivas e o controle do
comportamento agressivo cada vez se torna mais clara, mas os estudos ainda são
escassos (VICTOROFF, 2009), o que torna imperativo estudos mais aprofundados,
principalmente a respeito do controle inibitório proporcionado pelas funções
executivas sobre o comportamento agressivo (GOLDBERG, 2002).
O controle inibitório se refere à capacidade de inibir respostas prepotentes
(para as quais o indivíduo apresenta uma forte tendência), estímulos distratores, ou
interrupção de respostas em curso (BARKLEY, 1997). Segundo Beste e
colaboradores (2010), o controle inibitório é fundamental para a convivência dentro
de um grupo social organizado complexamente, como o nosso, e deriva-se do
amadurecimento ao longo de décadas.

3.1 Relações entre comportamento agressivo e funções executivas

Disfunções no córtex pré-frontal e na amígdala desempenham um papel
importante nos comportamentos agressivos e impulsivos (PERACH-BARZILAY,
2003; KLASEN et al., 2013). Em particular, as regiões pré-frontais têm sido
postuladas como controladores da atividade da amígdala por projeções inibitórias,
contudo em indivíduos agressivos, este processo pode ser interrompido (KLASEN et
al., 2013).
No caso dos comportamentos agressivos, tal controle ocorre incessantemente
por meio de neuromoduladores serotoninérgicos e dopaminérgicos que atuam sobre
o núcleo amigdalóide e demais estruturas límbicas (NELSON; TRAINOR, 2007).
Como resultado, a maior parte dos comportamentos agressivos não se tornam
necessariamente violentos. Sendo assim, a capacidade de regular a agressão
depende do funcionamento executivo (GIANCOLA, 2000).
Muitos estudos, de diferentes campos, sugerem que o prejuízo do
funcionamento executivo tem um papel importante na etiologia do comportamento

22

agressivo (FISHBEIN; PASCHALL, 2002). A maioria das pesquisas sugere uma
relação inversa entre agressão e funcionamento executivo, ou seja, tendências
aumentadas em relação à agressão em indivíduos que apresentam baixo
desempenho em tarefas executivas (KRAMER, et al., 2011), a exemplo, Hoaken.
Giancola e Pihl (1998) sugere que indivíduos que apresentam um melhor
desempenho nas funções executivas são menos agressivos do que aqueles que
apresentam um pior desempenho no funcionamento executivo. Vale salientar que
essa relação é percebida em diferentes populações, como crianças, adolescentes,
adultos, pacientes psiquiátricos, infratores ou população sem histórico criminal.
Uma pesquisa que utilizou ressonância magnética funcional mostrou que a
dor social aumenta à resposta a agressividade e quem medeia essa resposta é o
funcionamento executivo, através do processo de inibição, ou seja, quanto melhor
for o funcionamento executivo de alguém no que se refere ao controle inibitório,
menor será a resposta agressiva (CHESTER, 2014).
Achados de outro estudo verificaram que participantes com alto nível de
características agressivas, mas que em grande parte abstêm-se de retaliação em
resposta à provocação, mostraram aumento da atividade frontal quando foram
provocados (KRÄMER et al., 2008; KRÄMER et al., 2009). Isto foi sugerido para
refletir que as funções de controle inibitório contribuem para a regulação da
agressão reativa.
Tonnaer, Cima e Arntz (2016), realizaram um estudo com pacientes
psiquiátricos encarcerados, e mostrou que, disfunções executivas e impulsividade
são preditores da agressão reativa.
Já Granvald e Marciszko (2016), examinaram relações entre as três principais
funções executivas (memória de trabalho, controle inibitório e flexibilidade cognitiva)
e múltiplos tipos de agressão em uma amostra de crianças e foi constatado que a
memória de trabalho foi consistentemente relacionada aos diferentes tipos de
agressão, enquanto que o controle inibitório foi relacionado à agressão relacional e a
flexibilidade cognitiva a agressão reativa.
A pesquisa de Suurland et. al. (2016), com crianças pré-escolares de 2 a 5
anos de idade, foi confirmado que os mecanismos de controle inibitório já
desempenham um papel importante na regulação das emoções negativas em
crianças pequenas, e que esta interação entre emoções negativas e controle
inibitório predizem a agressão de forma direta e interativa. Em um estudo

23

semelhante, que examinou a regulação emocional e controle inibitório na predição
de comportamento agressivo, mas desta vez em adultos, indicaram uma interação
entre regulação da emoção e controle inibitório sobre agressão (HSIEH; CHEN,
2017)
Em um estudo com adolescentes sobre funcionamento executivo, punição
parental e agressão, foi constatado que as funções executivas servem como um
fator de proteção que promovem o ajuste saudável na presença de fatores
ambientais desafiadores (FATIMA; SHARIF, 2016). Em outro estudo semelhante
com adolescentes, foi constatado que as habilidades executivas tem papel mediador
na relação entre agressão e status socioeconômico (SHAMEEM; HAMID, 2014).
Em uma pesquisa com 40 estudantes universitários, que utilizou ressonância
magnética e tarefas de funcionamento executivo, para aferir a interação da dor
social e o funcionamento executivo como mediador da agressão, constataram que a
dor social pode aumentar ou diminuir a agressão, dependendo da capacidade
executiva regulatória de um indivíduo (CHESTER, et al., 2014).
Outro estudo examinou os efeitos das funções executivas e raiva / hostilidade
na relação entre estresse e agressão em duas amostras: uma amostra de
estudantes de faculdade e outra amostra da comunidade de baixa renda. Através de
questionários de auto-relato, foi demonstrado que nas duas amostras, os
participantes com habilidades de funcionamento executivo relativamente baixas,
mostraram uma relação mais forte entre diferentes domínios de estresse e agressão.
Esse estudo comprovou a importância dos processos cognitivos de ordem superior
na regulação de respostas afetivas e comportamentais adequadas em diferentes
tipos de indivíduos, particularmente entre os que sofrem altos níveis de estresse
(SPRAGUE et al., 2011).
Todas as pesquisas relatadas acima mostram o envolvimento das funções
executivas no controle da agressão, contudo, cabe ressaltar que, a relação entre
comportamentos agressivos e funções executivas podem também estar vinculados a
outras variáveis como comportamentos antissociais.

4 COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL

O comportamento antissocial é um termo mais atualmente utilizado para se
referir a diversos traços de personalidade que podem ou não se encontrar num nível

24

subclínico. Por exemplo, segundo a literatura em vários homens com o início da
depressão, é comum o aumento dos traços de agressividade, que antes não eram
percebidos nestes indivíduos (STINSON; BECKER; TROMP, 2005).
No caso de psicopatas, diagnosticamente confirmados, toda uma constelação
de traços antissociais se reúnem formando o espectro comportamental destes
sujeitos. Nestes casos, podem ser indivíduos com preservação cognitiva maior
(psicopatas do colarinho branco ou de sucesso) ou menor e até inexistente
(psicopatas do colarinho azul ou de não-sucesso) (HAMILTON; HACER; NEWMAN,
2015).
Sendo assim, cabe esclarecer que esta pesquisa não trabalhará com o termo
“sociopatia” que, historicamente e nosologicamente tem seu comportamento afetado
unicamente por elementos sociais, não levando em consideração a esfera biológica.
Ainda, nesse trabalho (por motivos acadêmicos sulamericanos) não será utilizado o
termo

“psicopatia”,

como

ocorre

nos

países

desenvolvidos,

mas

sim,

comportamentos e/ou traços de personalidade antissocial.
Atualmente o comportamento antissocial é considerado uma desordem na
sua perspectiva social e moral (MAIBOM, 2014), caracterizado por déficits de
personalidade como problemas interpessoais e afetivos, incluindo mentira
patológica, senso de grandiosidade, falta de remorso e insensibilidade e déficits no
comportamento como estilo de vida, impulsividade, estilo de vida parasita e falta de
controle sobre seu comportamento (THOMPSON; RAMOS; WILLET, 2014). Ainda
não existe uma etiologia para o comportamento antissocial, contudo, a maioria das
pesquisas defendem que tais traços seriam provindos de uma interação genética e
ambiental (THOMPSON; RAMOS; WILLET, 2014).
A definição clássica dos traços de comportamentos antissociais, divide-os em:
traços de comportamentos antissociais primários e secundários. Essa distinção foi
proposta pela primeira vez por Karpman (1941), o mesmo afirmou que as duas
variantes são fenotípicamente similares, contudo, os traços primários são
provenientes de um déficit afetivo hereditário, enquanto que traços secundários
seriam provenientes de um distúrbio afetivo adquirido no meio ambiente.
Indivíduos com traços antissociais primários apresentam características como
postura de egoísmo, falta de empatia e manipulação dos outros (LENVESON;
KIEHL; FITZPATRICK, 1995), são confiantes e livres de emoções negativas e
podem possuir um baixo nível de ansiedade (THOMPSON; RAMOS; WILLET, 2014).

25

Já indivíduos com traços antissociais secundários, muitas vezes chamados de
sociopatas, apresentam características como impulsividade e estilo de vida autodestrutivo

(LENVESON;

KIEHL;

FITZPATRICK,

1995)

demonstrando

ainda

hostilidade, problemas emocionais comórbidos e podem possuir níveis elevados de
ansiedade (THOMPSON; RAMOS; WILLET, 2014). Se comparado aos indivíduos
com traços primários, os que possuem traços secundários apresentam mais
características de personalidade limítrofe, um menor funcionamento interpessoal
(por exemplo, irritabilidade e fraca assertividade) e mais sintomas de distúrbios
mentais (SKEEM et.al., 2007).
Em relação a características anatômicas, estudos de neuroimagem sugerem
que os cérebros de indivíduos que apresentam traços antissociais possuem uma
menor atividade da amígdala e redução da massa cinzenta do córtex pré-frontal,
além disso, esses indivíduos parecem ter uma desregulação na homeostase dos
neurotransmissores dopamina e variações nos transportadores serotonina, também
possuem respostas endócrinas alteradas no cortisol e testosterona e respostas
autonômicas a estímulos estressores alteradas (THOMPSON; RAMOS; WILLET,
2014). Estudos também demonstraram que se comparado a grupos controles,
sujeitos com alto nível de comportamentos antissociais possuem uma menor
atividade da região pré-frontal e orbitofrontal (RAINE, 2015).
Existem

vários

modelos

que

buscam

compreender

comportamentos

antissociais, os mais relevantes são os baseados na emoção: Hipótese de baixa
resposta ao medo (LYKKEN, 1995); Sistema integrado de emoção (BLAIR, 2003) e
Hipótese de disfunção paralímbica (ANDERSON; KIEHL, 2014) e baseados na
atenção: Hipótese de modulação da resposta (GORENSTEIN; NEWMAN, 1980);
Teoria do gargalo da atenção (BASKIN-SOMMERS; CURTIN; NEWMAN, 2011);
Hipótese da ativação do hemisfério esquerdo (KOSSON, 1996) e Modelo da
ativação diferencial da amígdala (MOUL; KILLCROSS; DADDS, 2012), contudo, a
teoria mais atual é a Teoria da Integração Prejudicada em Psicopatia, a mesma
integra fatores afetivos, cognitivos e sociais, alegando que a psicopatia é
caracterizada pela dificuldade de integração rápida de vários componentes
perceptuais de informações, que por sua vez influenciam a qualidade de
representações mentais e moldam o desenvolvimento de redes neurais associativas,
desse modo, essa teoria afirma que os dois fatores (atenção e emoção) podem

26

refletir um déficit na integração compartilhada de rede neural, desencadeando os
traços antissociais (HAMILTON; HACER, 2015).

4.1 Relações entre comportamento antissocial e funções executivas

Traços de comportamento antissocial são inerentes a todos os seres
humanos, contudo, esses traços podem variar em grau e magnitude. Algumas
pesquisas abordam o envolvimento do córtex pré-frontal, em especial o desempenho
do controle inibitório em concordância com o desenvolvimento de traços antissociais.
Em um estudo com prisioneiros do sexo masculino que visou avaliar a associação
do funcionamento executivo e traços antissociais, os resultados revelaram que
existe relação entre funções executivas e comportamentos característicos das
dimensões relacionadas à psicopatia (BASKIN-SOMMERS et al., 2015), ou seja,
quanto pior o desempenho executivo, maior os níveis de comportamento antissocial.
Em uma pesquisa realizada com infratores encarcerados, através de uma
tarefa de resposta, foi demonstrado que tanto os psicopatas, como aqueles
classificados

com

transtorno

de

personalidade

antissocial

tiveram

baixo

desempenho no controle cognitivo, mostrando que déficits no controle cognitivo
estão associados a comportamentos antissociais presente na psicopatia e em outros
subtipos antissociais (ZEIER et al, 2012).
Em um estudo que utilizou uma tarefa go/no-go com estudantes de
graduação, demonstrou que indivíduos com elevadas características antissociais
apresentaram dificuldades iniciais no controle comportamental do que aqueles com
características antissocias mais baixas (SPRAGUE; VERONA, 2010).
Weidacker et.al. (2017), examinou a relação entre traços antissociais,
impulsividade e inibição da resposta em uma coorte de participantes saudáveis
através de uma tarefa paramétrica go / no-go e mostrou que à medida que a carga
da função executiva aumenta, a capacidade inibitória diminui, além disso, mostrou
que altas pontuações em traços antissociais, prevê déficits de inibição de resposta.
Em um estudo sobre disfunção executiva e traços antissociais através de
testes de planejamento e aquisição/aderência de regras mostraram que alto níveis
de traços antissociais foi relacionada a baixa capacidade de planejamento,
sugerindo que a impulsividade naqueles ricos em traços de psicopatia impede o
planejamento e seguimento de regras (BAGSHAW R, 2014).

27

Outro estudo que utilizou eletroecefalograma demonstrou que indivíduos com
traços antissociais têm dificuldade em inibir uma resposta com função frontal
reduzida, quando comparados a grupos controles (KIM; JUNG, 2014)

4.2 Relações entre comportamento antissocial e comportamento agressivo

De acordo com Jones (1984), o comportamento agressivo pode ser explicado
por quatro variáveis, são eles: aumento da ativação do sistema nervoso referente à
capacidade de pensar; redução da capacidade de inibição de respostas em relação
à ativação; prejuízo na atenção, memória, concentração e subsequente processos
mentais superiores e, por fim, uma má interpretação dos estímulos externos.
(JONES, 1984). Em indivíduos com traços de personalidade antissocial, essas
variáveis podem estar presentes, de acordo com Hamilton, Hacer e Newman (2015),
sujeitos com tais traços, podem apresentar comportamentos impulsivos e déficits
cognitivos de ordem superior, o que dificulta sua capacidade de pensar sobre
conseqüências futuras e ter uma percepção errônea da realidade.
Alguns estudos indicam uma relação entre comportamento antissocial e
comportamento agressivo, em diferentes populações. Em um estudo que investigou
os efeitos de traços antissociais e da agressão nos processos grupais em
estudantes de graduação, identificou que os grupos de indivíduos que tinham
maiores níveis de traços antissociais e agressão implícita, foram os que mais
apresentaram interações disfuncionais e percepções negativas acerca do grupo
(BAYSINGER; SCHERER; LEBRETON, 2014).
Outro estudo com estudantes de graduação, confirmou que traços
antissociais estão amplamente associada à agressão tanto reativa como proativa,
este estudo revelou ainda que a dimensão antissocial em mulheres foi positivamente
relacionada a agressão reativa, enquanto que a dimensão antissocial em homens foi
associada a agressão proativa (HECHT et al, 2016).
Em um estudo sobre gênero e traços antissociais em cinco amostras da
população geral, foi mostrado que o grupo que apresentou mais traços de
personalidade antissocial, também apresentou maior agressividade, e que as
mulheres com traços antissociais, apresentavam maior dificuldade emocional e
maior índice de agressão relacional, quando comparadas aos homens (COLINS et
al, 2017). Esses são alguns achados que reportam o fato de os traços de

28

comportamento antissocial, em conjunto com o mau funcionamento executivo,
seriam preditores de comportamentos agressivos.

5

RELAÇÕES

ENTRE

COMPORTAMENTO

AGRESSIVO,

FUNÇÕES

EXECUTIVAS E COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL

Comportamentos agressivos e antissociais são importantes para a adaptação
ao meio, contudo, tais comportamentos podem ser considerados socialmente
inadequados quando recorrentes e persistentes, neste sentido, o controle inibitório
foi habilitado em seres humanos na medida em que sistemas regulatórios mais
elevados, como o lóbulo frontal, responsável pelas funções executivas podem evitar
o descarrilamento involuntário do comportamento de caça (ELBERT, 2010).
À medida que envelhecemos, o córtex pré-frontal, responsável pelas funções
executivas, especificamente responsável pelo controle inibitório vai amadurecendo,
e através do seu bom funcionamento, mediando as

interações com o meio

ambiente,aprendemos comportamentos socialmente aceitáveis (TREMBLAY, 2010).
Alguns estudos demonstram uma relação funcionalmente direta entre lesões
em

áreas

pré-frontais

associadas

a

estruturas

límbicas

que

envolvem

comportamentos agressivos (GOLDEN et al., 1996; JONES, 1984). Sendo assim, o
comportamento agressivo estaria relacionado ao mau funcionamento executivo, o
que por si só poderia levar a interpretações errôneas a estímulos externos, e
incapacidade de regulação dos impulsos (MORGAN; LILENFELD, 2000). Desta
maneira, pacientes com lesões frontais apresentam uma capacidade reduzida de
controle emocional, menor habilidade de julgamento do impacto dos seus
comportamentos, além de apresentarem dificuldade de empatia e capacidade
comprometida de avaliação críticas de seus comportamentos disfuncionais (JONES,
1984) deixando assim, os indivíduos vulneráveis a apresentarem traços de
comportamentos antissociais.
Vale salientar que os estudos que demonstram a relação entre agressão,
funcionamento executivo e traços de comportamento antissocial são escassos. Um
estudo pioneiro sobre o desenvolvimento da raiva desde a infância até a
adolescência apresentou tal interação, e demonstrou que jovens que apresentaram
raiva persistente na infância possuem um maior risco de desenvolver características
de personalidade antissocial na vida adulta, contudo, essas características só se

29

estabeleciam em jovens com baixo controle cognitivo, ou seja, altas habilidades de
controle cognitivo, como o bom funcionamento executivo, protegem os jovens com
persistentes

problemas

de

raiva

do

desenvolvimento

de

características

de personalidade antissocial na idade adulta (HAWES et al, 2016).
Tendo em vista a carência de estudos que demonstrem essa interação em
uma população adulta, pretende-se através de instrumentos de auto-relato e de
execução, verificar a relação destas variáveis: agressão, funções executivas e traços
de comportamento antissocial, em estudantes universitários.

30

6 OBJETIVOS

6.1 Objetivo geral:

A

proposta

deste

estudo

tem

como

objetivo

geral

investigar

os

comportamentos agressivos (físico, verbal, raiva, hostilidade e relacional) e
impulsivos (atencional, por planejamento e motor) em estudantes universitários,
levando em consideração os componentes executivos, relacionando este resultado
como a possível existência de traços de comportamento antissocial nestes
indivíduos.

6.2 Objetivos específicos:

Como objetivos específicos têm-se:
a) Verificar a presença de diferentes formas de agressão (física, verbal, raiva,
hostilidade e relacional) e impulsividade/falta de controle inibitório (atencional,
por planejamento e motora) em estudantes universitários;
b) Verificar a associação dos traços de personalidade antissocial com as
diferentes formas de agressão e impulsividade/falta de controle inibitório
apresentadas numa população não-criminal;
c) Investigar a relação entre estas diferentes formas de agressão e traços de
comportamento antissocial a determinados componentes das funções
executivas.

31

7 MATERIAL E MÉTODO

7.1 Delineamento

Trata-se de um estudo de modelo analítico, de natureza quantitativa, do tipo
observacional e transversal envolvendo grupos contrastados. O referente estudo foi
submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da UFAL (CEP-UFAL) e obteve sua
aprovação (nº parecer: 1.340.255 / CAAE: 49694015.6.0000.5013).

7.2 Local da pesquisa
A pesquisa foi realizada no Município de Maceió, com estudantes dos
diversos cursos da Universidade Federal de Alagoas.

7.3 Sujeitos

A amostra foi composta de 155 estudantes da Universidade Federal de
Alagoas, de ambos os sexos dos diversos Cursos de Graduação, abrangendo as
três

grandes

áreas

do

conhecimento:

Ciências

Humanas

(Administração,

Comunicação Social/Jornalismo e Direito), Ciências Biológicas (Medicina e
Enfermagem) e Ciências Exatas (Química, Física e Engenharia Civil). A fim de
homogeneizar os grupos, todos os participantes tiveram idade mínima de 18 anos e
idade máxima de 35 anos.
O procedimento amostral foi não-probabilístico, isto é, de conveniência, em
que

participaram

aquelas

pessoas

que,

convidadas,

aceitaram

colaborar

voluntariamente. O tamanho da amostragem garantiu a quantidade suficiente de
argumentações para elucidar as questões acerca da temática.

7.4 Critérios de inclusão

Foram considerados sujeitos de pesquisa aqueles que concordaram
voluntariamente a participar do estudo após leitura, compreensão e assinatura do
TCLE; Terem entre 18 e 35 anos de idade; Serem alunos da Universidade Federal
de Alagoas e não apresentarem nenhum tipo de diagnóstico de transtorno mental.

32

7.5 Critérios de exclusão

Todos aqueles que não se enquadraram nas características fornecidas acima
foram excluídos desta pesquisa. Mais ainda, indivíduos que possuíam algum tipo de
doença crônica, incapacitante ou histórico de traumatismo craniano com perda de
consciência ou algum tipo de diagnóstico psiquiátrico revelados durante o
questionário.

7.6 Razões para utilização de grupos vulnerados

Decidiu-se pela amostra de estudantes universitários, pois, os mesmos, além
de atenderem aos critérios de inclusão, estavam em condições para serem
avaliados pela bateria de testes, visto que os estudantes (teoricamente) não fazem
parte da população analfabeta e estão no ápice do amadurecimento do Córtex PréFrontal.

7.7 Procedimentos

Os participantes foram abordados na própria instituição. Foi explicado a cada
um deles a pesquisa e seus objetivos, e lhes foi questionado sobre a possibilidade
de realização do questionário e da bateria de instrumentos (neuro)psicológicos,
garantindo-lhes o seu anonimato e a devolução de informações acerca dos
resultados dos instrumentos. Aqueles que aceitaram participar do estudo assinaram
o TCLE e foram encaminhados para a sala previamente disponibilizada no Instituto
de Psicologia da UFAL e/ou em uma sala no próprio curso onde os dados foram
coletados.
Os participantes do estudo passaram por um questionário padrão, elaborado
anteriormente e por uma bateria de 7 instrumentos flexíveis de acordo com o que se
propõe na pesquisa no horário de sua disponibilidade, sem quaisquer prejuízos na
frequência de seus respectivos cursos. Posteriormente os questionários foram
analisados e os instrumentos corrigidos para a obtenção e composição da pesquisa.
Cabe ressaltar que os participantes tiveram afirmação de garantia de
anonimato na apresentação e discussões das informações obtidas perante a
comunidade científica e da devolução de informações sobre o resultado dos testes,

33

cabe salientar que a devolução dos resultados dos testes não foi à devolutiva do
resultado individual, mas sim a devolutiva do perfil geral do curso para quem assim
desejou.

7.8 Instrumentos

No presente estudo foi utilizado um questionário sociodemográfico e uma
bateria

flexível

composta

de

7

(sete)

instrumentos

(neuro)psicológicos

especialmente projetados para avaliação dos componentes aqui elencados. Os
componentes avaliados e seus respectivos instrumentos foram:
Diferentes

componentes

do

comportamento

agressivo.

Caracteriza-se

„agressivo‟ todo e qualquer comportamento que tenha como finalidade causar dano
a alguém, ao patrimônio ou à própria pessoa. Para avaliação de tal comportamento
foi utilizado o Questionário de Agressividade de Buss-Perry, o qual avalia, por meio
de afirmações nas quais o probando deve marcar entre 1 a 5 a intensidade na qual
se correlaciona com a afirmação. Trata-se de um questionário autoavaliativo do tipo
likert composto por 26 perguntas que se referem ao ataque, agressão indireta,
irritabilidade, negativismo, ressentimento, desconfiança e agressão verbal. As
afirmativas estão divididas estrategicamente a fim de avaliar: agressão física,
agressão verbal, sentimento de raiva e hostilidade (BUSS; PERRY, 1992; adaptado
para a versão brasileira por GOUVEIA et al., 2008).
Comportamento Agressivo Relacional. Denominamos “agressão relacional” (ou
agressão indireta) aquela forma de agressão na qual o(s) auto(res) usa(m) táticas
mais sutis para infligir danos psicológicos e emocionais em outra pessoa. Neste tipo
de agressão, o agressor usa os relacionamentos como meio para ferir a vítima, suas
estratégias podem incluir a fofoca, a calúnia, a exclusão, xingamentos e
provocações. Para tal, será utilizada a Escala de Agressão Relacional. Trata-se de
uma escala auto-avaliativa contendo 27 ítens do tipo likert, os quais são respondidos
de acordo com a intensidade dos sentimentos do probando no momento da
avaliação. As respostas podem variar de “concordo plenamente” a “discordo
plenamente” (Adaptada de HORTON, 2010). Versão liberada para pesquisa
disponível em http://personality-testing.info.
Comportamento antissocial.Foi utilizada a Levenson Self-report Psychopathy, a
qual foi desenvolvida por Levenson, Kiehl e Fitzpatrick (1995) e adaptada a validada

34

para o contexto brasileiro por Hauck-Filho e Teixeira (2014) para medir o
componente antissocial como um traço de personalidade para o uso em pesquisa
psicológica da população adulta em geral. Esta escala é uma medida de autorrelato
com base nos critérios da PCL-R e projetado para uso em amostras de indivíduos
não inseridos no contexto prisional. Adaptada para a versão portuguesa que a
resumiu em 26 afirmações de maior saturação fatorial divididos em dois fatores ;
psicopatia primária

(projetada para avaliar uma postura egoísta

, insensível e

manipuladora para com os outros) e psicopatia secundária (elaborado para avaliar a
impulsividade e o estilo de vida inapropriado). Trata-se de uma escala do tipo likert,
onde os itens são respondidos em uma escala de cinco pontos que variam de
“Concordo totalmente” a “Discordo totalmente” e as respostas são dadas de acordo
com a intensidade dos sentimentos do probando no momento da avaliação. Versão
liberada para pesquisa disponível em http://personality-testing.info.
Capacidade Executiva de Memória operacional. Este tipo de memória é um
sistema temporário de armazenamento de informações que permite a sua
monitoração e o seu manejo. Nesta avaliação foi utilizado o Teste de Span de
Dígitos (Digit Span). Trata-se de um subteste padronizado para a população
brasileira e está incluído no WISC-III e no WAIS-III (Escala de Inteligência Wechsler
para Crianças - Terceira Edição - WISC-III, Figueiredo, 2002)/(Escala de Inteligência
Wechsler para Adultos - Terceira Edição - WAIS-III, Nascimento, 2005), no qual em
um primeiro momento o sujeito deve repetir sequências crescentes de algarismos na
ordem direta, avaliando a memória operacional, e em um segundo momento na
ordem inversa, avaliando a atenção. Se o indivíduo errar duas sequências na
mesma série, interrompe-se o teste. Para análise, considera-se correta a quantidade
de dígitos da última série que o probando acertar. Este teste é liberado para
pesquisa gratuitamente. Vale salientar que este subteste foi adaptado para a
população brasileira.
Capacidade Executiva de Controle inibitório. O controle inibitório é a capacidade
de inibir respostas prepotentes (para as quais o indivíduo apresenta uma forte
tendência), estímulos distratores, ou interrupção de respostas em curso (ANDRADE;
DOS SANTOS; BUENO, 2004). Foi utilizada a Escala de Impulsividade de Barrat
(BIS-11) como medida inversa para avaliar o controle inibitório. Esta escala é um
questionário breve,

de autopreenchimento do tipo likert que varia entre

“Raramente/Nunca” e “Quase sempre/Sempre”, composto por 30 frases que

35

representam diferentes comportamentos impulsivos. Ela é útil na identificação de
diferentes padrões de impulsividade em diversas patologias, como TDAH, o
transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia, transtorno por uso de substância, jogo
patológico, entre outras. A pontuação da escala varia de 30 a 120 pontos, e altos
escores indicam a presença de comportamentos impulsivos. A BIS-11 permite a
avaliação

de

três

subdomínios

impulsividade atencional

da

impulsividade:

impulsividade

motora,

e impulsividade por não-planejamento (Barrat, 1959;

adaptado para a versão brasileira por Malloy-Diniz et al., 2010).Para avaliação do
controle inibitório também foi utilizado o Teste de Cores de Stroop. Este teste
apresenta duas tarefas e em ambas são apresentadas palavras coloridas, a primeira
tarefa é a “Leitura de Palavras”, nela o probando lerá em voz alta um total de 112
nomes impressos em cor o mais rápido que conseguir em um tempo máximo de 120
segundos, esta tarefa serve para verificar a fluência da leitura do indivíduo e como
ponto de comparação com a segunda tarefa. A segunda tarefa é a “Nomeação de
cor”, nela o probando também fará uma leitura em voz alta de 112 nomes impressos
em cor o mais rápido que conseguir em um tempo máximo de 120 segundos,
contudo, a cor dos nomes será incongruente com a leitura de palavras, e esta
incongruência entre nome e cor provocará um efeito de interferência (Cunha e
Martins, 2000). Logo, para esta segunda tarefa, o probando deverá manter sua
atenção concentrada suprimindo o impulso em dizer a palavra escrita e realizar a
mesma com eficácia. Vale salientar, que antes da realização do teste, é realizado
um Pré-Teste, a fim de assegurar que a pessoa a ser avaliada reconhece as cores e
faz a leitura sem dificuldade. No Teste de Cores de Stroop serão avaliados o tempo
e o número de erros em cada tarefa. O referido teste é liberado gratuitamente para
pesquisas e está disponível em http://www.fpce.up.pt/labfala.
Capacidade Executiva de Tomada de Decisão e Planejamento. A Capacidade de
Tomada de decisão é a capacidade de escolher um plano de ação visando um
objetivo final, já a capacidade de Planejamento, consiste em estabelecer a melhor
maneira de alcançar um objetivo definido levando em consideração a hierarquização
de passos e a utilização de instrumentos. Para esta avaliação foi utilizado o Iowa
Gambling Task (IGT), um teste computadorizado que examina o comportamento do
indivíduo em um jogo de cartas composto por quatro pilhas de baralho. Neste teste,
o probando terá que escolher uma carta de cada vez entre as quatro pilhas de
baralho: A, B, C e D, ao longo de 100 jogadas e receberá uma quantia fictícia de

36

dinheiro de acordo com suas escolhas. Dentre os quatro baralhos de cartas, dois
são vantajosos (C e D), resultando em ganhos monetários em longo prazo e baixa
perda de dinheiro, e os outros dois baralhos, desvantajosos (A e B), pois trazem
ganhos de muito dinheiro em curto prazo, porém com perda monetária mais
frequente e intensa (Bechara et. al, 1994). O objetivo do “jogo” é acumular o máximo
de dinheiro possível e ao final do teste será avaliada a capacidade de decisão e
planejamento do indivíduo. O IGT é disponibilizado para pesquisa gratuitamente, o
mesmo é baseado no Gambling Task introduzido por Antoine Bechara, Antonio R.
Damasio, Hanna Damasio e Steven W. Anderson; e no programa Gambling Task
v.2.0 para DOS do Departamento de Neurologia da Universidade de Iowa.

7.9 Análise dos dados

Os dados foram tabulados e posteriormente analisados estatisticamente,
utilizando o programa Social Package for Social Sciences (SPSS, versão 21) em sua
versão para Windows SPSS. Em todas as análises a significância estatística
estabelecida foi de  < 0,05. Foi realizada correlação momento produto (r de
Pearson) para verificar o grau de relacionamento entre as variáveis. Além disso,
foram realizadas estatísticas descritivas (média, moda, mediana, IC 95%) a fim de
descrever os resultados sociodemográficos, bem como cada escala e seus
respectivos fatores.

7.10 Relações riscos/benefícios da pesquisa

A pesquisa em si poderia acarretar constrangimentos, visto que o voluntario
tinha que responder a questões sobre sua vida, podendo sentir desconforto na
realização da mesma. No entanto, como visto anteriormente, aos participantes foi
ratificado que eles responderiam as questões que quisessem e poderiam desistir de
participar da pesquisa se assim desejassem. Mais uma vez, foi confirmado que as
informações prestadas acerca da identidade não seriam expostas e o sigilo não
seria quebrado. Foi indicado que com as respostas obtidas os pesquisadores
poderiam ter uma ampla visão do fenômeno estudado podendo oferecer a sociedade
condições para refletir sobre o impacto que a agressão pode causar no cotidiano das
pessoas que a vivenciam em curto e longo prazo.

37

Todos esses procedimentos foram embasados em cada uma das proposições
do Conselho Federal de Psicologia (1999), no que diz respeito à pesquisa com seres
humanos. Se por algum motivo os participantes não se sentissem bem, ou fosse
detectado algum mal-estar decorrente da pesquisa, o benefício direto a eles
concedido, seria o encaminhamento dos pesquisadores à Clínica de Psicologia do
Curso de Graduação em Psicologia da UFAL se assim desejarem e/ou sentirem em
algum momento em risco. Para minimizar os possíveis riscos, a Clínica de Psicologia
da UFAL esteve de sobreaviso para atuar na anulação de qualquer mal-estar
propiciado pela pesquisa, e isto foi verbalizado aos informantes antes deles
iniciarem sua participação no estudo. Além disso, os pesquisadores envolvidos
foram profissionais graduados em Psicologia com registro no conselho da Classe e
exercem atividade clínica profissional, sendo assim, gabaritados para o atendimento
imediato e orientação dos participantes.

38

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo principal investigar as relações entre
comportamento agressivo, funções executivas e traços de comportamento
antissocial, para isso, foram coletados dados com 189 estudantes universitários,
contudo, esta investigação foi realizada a partir dos dados obtidos com apenas 155
indivíduos, visto que 34 participantes não atenderam aos critérios de inclusão. Os
participantes da pesquisa foram estudantes de diferentes áreas do conhecimento,
com idade entre 18 a 35 anos de ambos os sexos. Inicialmente, rodaram-se análises
descritivas e de frequência frente às variáveis: idade, sexo, curso e escolaridade,
respectivamente, a fim de desenhar uma breve caracterização demográfica da
amostra.
Nas tabelas a seguir, descrevem-se dados como média, desvio-padrão, os
valores máximos e mínimos, erro-padrão e o intervalo de confiança da idade dos
participantes, frequência e percentagem de participantes por sexo, além da
frequência por curso e escolaridade.

Tabela 1
Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de confiança de
95% para idade (n=155).
Variáveis
Idade

Média
23,25

Desvio

Mínimo-

Erro

Padrão

Máximo

Padrão

3,89

18-35

0,31

Fonte: Autor, 2017.

Tabela 2.
Frequência por sexo total (n=155)
Sexo

Frequência (%)

Masculino

63 (40,6%)

Feminino

92 (59,4%)

Total

155 (100%)

Fonte: Autor, 2017.

IC95%
22,63-23,87

39

O exame das tabelas 1 e 2 indica uma amostra composta por 155 estudantes
universitários, de 18 a 35 anos (M=23,25; DP=3,89), sendo 92 (59,4%) mulheres e
63 homens (40,6%)

Tabela 3
Frequência por curso total (n=155)
Curso

Frequência (%)

Enfermagem

33 (21,3%)

Psicologia

20 (12,9%)

Medicina

24 (15,5%)

Química

24(15,5%)

Direito

28 (18,1%)

Engenharia

8 (5,2%)

Administração

18 (11,6%)

Total

155 (100%)

Fonte: Autor, 2017.

Tabela 4.
Período letivo do curso total (n=155).
Período

Frequência (%)

Primeiro

5 (3,2%)

Segundo

41 (26,4%)

Terceiro

23 (14,9%)

Quarto

53 (34,2%)

Quinto

33 (21,3%)

Total

155 (100%)

Fonte: Autor, 2017.

As tabelas 3 e 4 indicam que a maioria dos participantes eram dos cursos de
enfermagem 33 (21,3%), do curso de medicina 24 (15,5%) e do curso de direito 28
(18,1%). Além disso, a maioria dos participantes estavam cursando o segundo
(26,4%) ou quarto 53 (34,2%) períodos.

40

Tabela5
Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de confiança de
95% para Escala de Agressão Relacional (n=155).
Variáveis
Agressão
Relacional

Média

2,26

Desvio

Mínimo-

Erro

Padrão

Máximo

Padrão

0,3

1,22-2,93

0,02

IC95%

2,21-2,30

Fonte: Autor, 2017.

A escala de agressão relacional é uma escala do tipo likert onde as respostas
variam de 1 a 4 pontos, sendo 1 “discordo plenamente” e 4 “Concordo plenamente”,
nesta escala, altos escores, ou seja, próximos de 4 indicam um maior índice de
agressão relacional, já baixos escores, próximos de 1 indicam baixo índice de
agressão relacional. Desse modo, o exame da tabela 5 mostra que a maioria dos
estudantes não possui uma alta taxa de agressão relacional, visto que a média para
agressão relacional foi de (M=2,26; DP=0,3).

Tabela 6
Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de confiança de
95% para o teste Stroop Neuropsicológico (n= 155).
Variáveis

Desvio

Mínimo-

Erro-

padrão

máximo

padrão

66,05

13,63

43 – 116

1,09

63,88 – 68,22

111,87

1,11

102 – 120

0,09

111,69–112,05

111,77

12,75

65 – 178

1,02

109,74–103,80

111,64

82,64

62 – 112

6,60

98,49–124,80

Média

IC 95%

Stroop
Leitura
Tempo
Stroop
Leitura
Acertos
Stroop Cor
Tempo
Stroop Cor
Acertos
Fonte: Autor, 2017.

41

O Stroop Neuropsicológico é considerado o padrão ouro para avaliação do
controle inibitório, nele o probando faz inicialmente uma leitura de palavras para ver
sua fluência de leitura e em seguida faz a nomeação das cores das palavras, onde
estas são impressas em cores que não correspondem a palavra lida, provocando
desta forma o efeito stroop, ou seja, o avaliado precisa “frear” o impulso de ler a
palavra e dizer a cor a qual a mesma foi impressa. O exame da tabela 6 mostra que
os estudantes possuem controle inibitório dentro da média, visto que o resultado de
acertos do Stroop Leitura (M=111,87; DP=1,11) e Stroop Cor (M=111,64;
DP=82,64), estão de acordo com o número de acertos esperados para a população
com 12 anos de escolaridade, sendo o escore médio de leitura de 112 acertos e o
escore médio de cor de 108 acertos.

Tabela 7
Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de confiança de
95% para o teste Digit Span (n= 155).
Desvio

Mínimo-

Erro-

padrão

máximo

padrão

6,33

1,29

4–9

0,10

6,12 – 6,54

4,54

1,20

2–8

0,09

4,35 – 4,73

Variáveis

Média

Direto

Inverso

IC 95%

Fonte: Autor, 2017.

O teste Digit Span ou Span de Dígitos é eficaz para avaliar a atenção e
memória operacional (de curto prazo). Neste teste, o participante deve repetir uma
sequência de dígitos que aumenta em quantidade na ordem em que lhe é dada,
avaliando assim sua capacidade de atenção. A segunda tarefa consiste em repetir
uma sequência de dígitos que também aumenta em quantidade progressivamente,
mas desta vez na ordem inversa, avaliando assim sua capacidade de memória
operacional. As duas tarefas iniciam com dois dígitos e terminam com dez dígitos,
com duas tentativas para cada quantidade, totalizando dezoito tentativas para cada
tarefa, cada acerto vale um ponto. O exame da tabela 7 mostra que os participantes

42

estão dentro da média para a população brasileira, no que se refere à atenção
(M=6,33; DP=1,29) e a memória operacional (M=4,54; DP=1,20).

Tabela 8
Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de confiança de
95% para o teste IGT (n= 155).
Variáveis

Tendência
Geral

Média

12,05

Desvio

Mínimo-

Erro-

padrão

máximo

padrão

23,90

-36 – 60

1,92

IC 95%

8,26 – 15,84

Fonte: Autor, 2017.
Nota: IGT=Iowa Gambling Task

O Iowa Gambling Task (IGT) é um teste computadorizado que avalia a
capacidade de tomada de decisão e planejamento, neste teste o desempenho é
mensurado através da fórmula: (C+D) – (A+B) = TG, onde A,B,C,e D representam
pilhas de cartas, sendo as pilhas A e B desvantajosas e as pilhas C e D vantajosas, e
TD representa a tendência geral do teste, assim, a fórmula corresponde ao cálculo da
diferença entre a soma total de escolhas de pilhas vantajosas menos a soma total de
escolhas de pilhas desvantajosas. (BECHARA et al., 1994). Valores da TD > 0 indicam
uma boa capacidade de tomada de decisão e planejamento, e valores da TD<0
indicam uma baixa capacidade de tomada de decisão e planejamento (BECHARA et
al., 1998, BECHARA; TRANEL; DAMASIO, 2000; DENBURG; TRANEL; BECHARA,
2005). Sendo assim, o exame da tabela 8 mostra que os estudantes avaliados
possuem uma boa capacidade de tomada de decisão e planejamento (M= 12,05;
DP=23,90).

43

Tabela 9
Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de confiança de
95% para os Fatores da Escala de Impulsividade de Barrat-BIS-11 (n= 155).
Desvio

Mínimo-

Erro-

padrão

máximo

padrão

1,76

0,40

1,18 – 4,64

0,03

1,69 – 1,82

2

0,40

1,09 – 3,18

0,03

1,94 – 2,07

I. Atencional

2,18

0,57

1,13 – 4

0,04

2,09 – 2,27

Global

1,96

0,34

1,37 – 3,17

0,02

1,91 – 2,01

Variáveis

Média

I. Motora

I. Não
Planejamento

IC 95%

Fonte: Autor, 2017.

A Escala de Impulsividade de Barrta-Bis-11 permite a avaliação de três
subdomínios da impulsividade: impulsividade morota, impulsividade atencional e
impulsividade por não planejamento, sendo uma escala do tipo likert, sua pontuação
varia de 1 (Raramente/nunca) a 4 (Quase sempre/sempre), e seu escore varia de 30 a
120 pontos. Nesta escala altos escores, ou seja, respostas próximas a 4, indicam a
presença de comportamentos impulsivos. O exame da tabela 9 mostra que os
estudantes não possuem impulsividade motora (M= 1,76; DP=0,40); impulsividade por
não planejamento (M= 2; DP=0,40); impulsividade atencional (M= 2,18; DP=0,57) e
nem impulsividade global (M= 1,96; DP=0,34) acima da média. Vale salientar que a
escala de impulsividade BIS-11, pode ser utilizada também como medida inversa para
avaliar o índice de controle inibitório, logo, neste estudo, pode-se constatar de acordo
com os resultados que os estudantes possuem capacidade de controle inibitório
preservada, visto que não apresentaram altos escores de impulsividade.

44

Tabela 10
Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de confiança de
95% para os Fatores da Escala de Agressão de Buss-Perry (n= 155).
Desvio

Mínimo-

Erro-

padrão

máximo

padrão

1,76

0,53

1 – 3,1

0,04

1,67 – 1,84

2,25

0,81

1–4

0,06

2,12 – 2,38

Raiva

2,41

0,87

1 – 4,50

0,07

2,27 – 2,55

Hostilidade

2,44

0,67

1,20 – 4,30

0,05

2,33 – 2,54

2,31

0,57

1,23 – 3,85

0,04

2,25 – 2,40

Variáveis

Agressividade
Física

Agressividade
Verbal

Agressividade
Geral

Média

IC 95%

Fonte: Autor, 2017.

A Escala de Agressão de Bus-Perry foi utilizada no presente estudo para a
avaliação das diferentes expressividades da agressividade, a saber: agressão física,
agressão verbal, raiva, hostilidade e agressividade geral. A pontuação desta escala
varia de 26 a 130 pontos, onde altos escores indicam a presença de agressividade. A
escala vai de 1 (discordo totalmente) a 5(Concordo totalmente) pontos. O exame da
tabela 10 aponta que os estudantes possuem agressividade dentro da normalidade,
sendo agressividade física (M= 1,76; DP=0,53); agressividade verbal (M= 2,25;
DP=0,81); raiva (M= 2,41; DP=0,87); hostilidade (M= 2,44; DP=0,67) e agressividade
geral (M= 2,31; DP=0,57).

45

Tabela 11
Média, desvio padrão, mínimo e máximo, erro padrão e intervalo de confiança de
95% para os Fatores da Escala de Psicopatia de Levenson (n= 155).
Variáveis

Psicopatia
Primária

Psicopatia
Secundário

Psicopatia
Global

Desvio

Mínimo-

Erro-

padrão

máximo

padrão

1,69

0,41

1 – 2,65

0,03

1,62 – 1,76

2,18

0,48

1,11 – 3,67

0,03

2,10 – 2,25

1,86

0,36

1,15 – 2,88

0,02

Média

IC 95%

1,80 – 1,92

Fonte: Autor, 2017.

Para avaliar traços de comportamento antissocial foi utilizada a Escala de
Psicopatia de Levenson, que foi construída para mensurar a psicopatia como um
traço de personalidade na população adulta em geral, ela mede traços de psicopatia
primária e secundária, que podem estar n população em maior ou menor grau. A
pontuação desta escala varia de 19 a 95 pontos, onde altos escores indicam a
presença de traços antissociais. O exame da tabela 11 indica que os estudantes não
apresentam altos níveis de traços de psicopatia primária (M= 1,69; DP=0,41);
psicopatia secundária (M= 2,18; DP=0,48) e psicopatia global (M= 1,86; DP=0,36).
Os dados apresentados até o momento mostram que os participantes da
pesquisa possuem preservação de todas as funções aqui elencadas. Esses dados
também indicam que os estudantes não apresentam altos índices de agressividade,
impulsividade e nem traços de comportamento antissocial, o que mostra um bom
funcionamento executivo. De acordo com Capilla (2003), as funções executivas
atingem seu desenvolvimento ao final da adolescência e início da vida adulta, logo,
pode-se afirmar que os participantes deste estudo estão no ápice do funcionamento
executivo visto que se tratam de sujeitos entre 18 a 35 anos, o que explicaria o bom
desempenho na avaliação de tais funções.

46

Além das análises descritivas, foi verificada a relação entre as variáveis de
interesse, para isso, procederam-se análises de correlação r de Pearson.
Neste trabalho, buscou-se compreender se a falta do componente executivo
inibitório, aqui avaliado inversamente pelo escore de impulsividade através da
Escala BIS-11, estaria relacionado com o escore de agressão relacional. O exame
da tabela 12 mostra que os escores de impulsividade motora (n=155; r= 0,19; p<
0,05), impulsividade atencional (n=155; r= 0,24; p< 0,05), e impulsividade global
(n=155; r= 0,26; p<0,05), estão relacionados com o escore de agressão relacional,
contudo, estas relações são consideradas de magnitude fraca e moderadas
respectivamente.
Cabe ressaltar que a impulsividade não é a variável de interesse, mas o
controle inibitório, avaliado inversamente pelos fatores de impulsividade motora,
atencional, por não planejamento e global, o que implica, portanto, em relações
contrárias às relatadas acima, isto é, relações negativas. Neste sentido, pode-se
inferir que quanto menor o controle inibitório em suas diferentes facetas, maior a
agressão relacional e/ou vice-versa.
Estes resultados estão em consonância aos achados de Granvald e
Marciszko (2016), Baird, Silver e Veague (2010); Mugge, Chase e King (2015) e
Verlinden, et al.(2014), os quais reportam que o prejuízo no controle inibitório está
relacionado ao aumento de agressão relacional em crianças e adolescentes.
Ressalta-se, entretanto, que as magnitudes das relações encontradas no presente
trabalho foram fracas e moderadas (DANCEY; REIDY, 2013), ao contrário das
relatadas nos trabalhos supracitados.

Isto pode sugerir a participação do CPF

completamente desenvolvido em uma inibição mais efetiva da agressão relacional,
visto que a presente amostra foi composta por universitários com idade entre 18 e
35 anos de idade, que ontogeneticamente apresentam a maturação completa do
CPF, e não por crianças e adolescentes, os quais ainda estão em processo de
amadurecimento desta região cerebral (MALLOY-DINIZ et al., 2010).
Um ponto que cabe ressaltar é o fato da agressão relacional se associar de
forma moderada com a impulsividade atencional (n=155; r= 0,24; p< 0,05), mas não
se associar com a impulsividade por não planejamento (n=155; r= 0,15; p< 0,05), ou
seja, de acordo com os resultados, pessoas que apresentam maior grau de
agressão relacional, provavelmente possuem uma boa capacidade de planejamento
e atenção, visto que este tipo de agressão atua de forma indireta (WARREN;

47

RICHARDSON; MCQUILIN, 2011), através de ações deliberadas para um objeto
direcionado a excluir outros e obter status social, por exemplo. Esta forma de
agressão age atravésda manipulação, ridicularização velada, intrigas, boatos,
(ORPINAS; MCNICHOLAS; NAHAPETYAN, 2015), entre outros comportamentos
onde se necessita de uma boa capacidade de planejamento e consequentemente
uma boa capacidade de atenção.

Tabela 12
Relação entre impulsividade/falta de controle inibitório e agressão relacional em
estudantes universitários (n= 155).
Impulsividade

Agressão relacional

Motora

0,19*

Atencional

0,24**

Não planejamento

0,15

Global

0,26**

Fonte: Autor, 2017
Nota:*p< 0,05. ** p< 0,01

Ainda em relação à falta de controle inibitório/impulsividade, buscou-se
averiguar, a relação entre controle inibitório e subtipos de agressividade, a saber,
física, verbal, raiva, hostilidade e agressividade geral. O exame da tabela 13
constatou que a agressividade física está mais relacionada à impulsividade motora
(n=155; r= 0,22; p< 0,05), impulsividade atencional (n=155; r= 0,29; p< 0,05) e
impulsividade global (n=155; r= 0,28; p< 0,05), sendo estas de magnitude fraca e
moderadas respectivamente. A agressividade verbal foi relacionada mais a
impulsividade atencional (n=155; r= 0,27; p< 0,05), sendo de magnitude moderada e
impulsividade global (n=155; r= 0,17; p< 0,05), de magnitude fraca. A raiva
apresentou relação principalmente com impulsividade motora (n=155; r= 0,21; p<
0,05), impulsividade atencional (n=155; r= 039; p< 0,05) e impulsividade global
(n=155; r= 0,32; p< 0,05). A hostilidade mostrou maior relação com a impulsividade
motora (n=155; r= 0,20; p< 0,05), impulsividade atencional (n=155; r= 0,38; p< 0,05)
e com a impulsividade global (n=155; r= 0,31; p< 0,05), ambas de magnitude fraca e
moderadas respectivamente.

48

Estes achados estão de acordo com os encontrados por Chester (2014), o
qual afirma que quanto melhor for o funcionamento executivo no que se refere ao
controle inibitório, menor será a resposta agressiva. Entretanto, os diferentes tipos
de agressividade se relacionam de formas diferentes com os tipos de impulsividade.
No presente estudo, a agressão geral, que abarca todos os subtipos de agressão,
apresentou maior grau de relacionamento com a impulsividade motora (n=155; r=
0,23; p< 0,05), a qual envolve um ato motor, impulsividade atencional (n=155; r=
0,44; p< 0,05), a qual se refere a pensamentos que se atropelam e a agir no calor do
momento e impulsividade global (n=155; r= 0,36; p< 0,05), sendo consideradas de
magnitude moderadas. Estes resultados estão em consonância com os achados de
Krämer et al. (2008) e Krämer et al. (2009) onde sugeriram que as funções de
controle inibitório contribuem para a regulação da agressão reativa, ou seja, aquele
tipo de agressão em que as pessoas reagem por impulso, de forma automática para
se defender, no “calor do momento”.Os achados deste estudo também estão de
acordo com os achados de Tonnaer, Cima e Arntz (2016), em que disfunções no
controle inibitório são preditores de agressão reativa.
Na presente investigação, constatou-se ainda, que tanto a raiva, quanto a
hostilidade, obteve um maior relacionamento com a impulsividade atencional e
impulsividade geral, este resultado está de acordo com os achados de Sprague et.al.
(2011), em que baixas habilidades de funcionamento executivo, como a falta de
controle inibitório estão relacionadas ao aumento da raiva e hostilidade em adultos
expostos a situações de estresse. Ainda em relação à raiva e hostilidade, pode-se
afirmar que estas,enquanto emoções, podem aumentar o nível da atividade motora
(IZARD; ACKERMAN, 2000), logo, os achados destes autores estão de acordo com
a presente pesquisa, em que existe relação significativa da raiva e hostilidade com a
impulsividade motora.
Em contrapartida, verificou-se que nenhum subtipo de agressão se relacionou
com a impulsividade por não planejamento, esses dados mostram que a
agressividade em geral é realizada de forma planejada, contudo, este dado pode
estar relacionado ao fato de que a população avaliada foi de estudantes
universitários, e por questões sociais, os mesmos podem não ter relatado que
cometem atos agressivos sem pensar. Além disso, por se tratar de uma população
entre 18 e 35 anos, talvez a capacidade de monitorar os comportamentos estejam
preservadas.

49

Tabela 13.
Relação entre tipos de agressividade e impulsividade/Falta de controle em
estudantes universitários (n= 155).
Não

Agressividade

Motora

Atencional

Física

0,22*

0,29**

0,11

0,28**

Verbal

0,08

0,27**

-0,00

0,17*

Raiva

0,21**

0,39**

0,11

0,32**

Hostilidade

0,20*

0,38**

0,11

0,31**

Geral

0,23**

0,44**

0,11

0,36**

Planejamento

Global

Fonte: Autor, 2017
Nota: *p< 0,05. ** p< 0,01

Procurou-se compreender também, a relação entre os subtipos de
agressividade e traços de comportamento antissocial, aqui avaliados pelos itens de
psicopatia primária e secundária da Escala de Psicopatia de Levenson. O exame da
tabela 14 mostra que os escores de psicopatia primária (n= 155; r= 0,37; p<0,05);
secundária (n= 155; r= 0,50; p< 0,05); e, global (n=155; r= 0,51; p< 0,05)
apresentaram relações positivas de magnitudes moderadas, estatisticamente
significativas com os escores da escala de agressividade geral, que envolve os
diversos subtipos de agressão. Estes achados estão de acordo com a pesquisa de
Hecht et al (2016) e Colins et al (2017), em que os diferentes tipos de agressividade
estão relacionados a diferentes traços de psicopatia.
Vale salientar que apenas o escore da raiva apresentou relação fraca com a
psicopatia primária (n= 155; r= 0,16; p<0,05), sendo relacionado de forma moderada
apenas com a psicopatia secundária (n= 155; r= 0,42; p<0,05) e global (n= 155; r=
0,31; p<0,05). Traços de psicopatia primária referem-se à postura de egoísmo, falta
de empatia e manipulação de outros (LEVENSON; KIEHL; FITZPATRICK, 1995), ou
seja, este tipo de psicopatia não provém de atos impulsivos, como é o caso de
comportamentos reativos, mas sim de comportamentos anteriormente planejados,
sem precedentes afetivos, como o que ocorre na psicopatia secundária que tem
como base a impulsividade. Deste modo, a hipótese defendida é a de que a raiva
como sendo um tipo de emoção, pode estar associada mais a atos reativos e não
proativos como é o caso da psicopatia primária. Além disso, a raiva é considerada

50

como um preditor da agressão física (GARCÍA-SANCHO et al, 2017), logo uma
resposta irritada, pode levar a comportamentos agressivos (CHEN; COCCARO;
JACOBSON, 2012) estando assim, associada mais a traços de psicopatia
secundária, que envolve agressões e atos violentos.

Tabela 14
Correlação entre tipos de agressividade e traços de comportamento em estudantes
universitários (n= 155).
Psicopatia

Psicopatia

Psicopatia

Primária

Secundária

Global

Física

0,44**

0,37**

0,50**

Verbal

0,22**

0,37**

0,34**

Raiva

0,16*

0,42**

0,31**

Hostilidade

0,36**

0,40**

0,46**

Geral

0,37**

0,50**

0,51**

Agressividade

Fonte: Autor, 2017.
Nota: *p< 0,05. ** p< 0,01

Ainda em relação a traços antissociais, buscou-se compreender sua relação
com a agressão relacional. Constatou-se, conforme apresentado na tabela 15, que
os escores de psicopatia primária (n= 155; r= 0,34; p<0,05); secundária (n= 155; r=
0,41; p< 0,05); e, global (n=155; r= 0,45; p< 0,05) apresentaram relações positivas
de magnitudes moderadas, estatisticamente significativas com os escores da escala
de agressão relacional. Estes achados estão de acordo com o estudo de Schmeelk
et al.(2008), em que a agressão relacional prevê traços de psicopatia secundária, ou
seja traços de impulsividade e comportamento auto-destrutivo, contudo, os dados do
presente estudo também mostram uma relação significativa da agressão relacional
com traços de psicopatia primária, ou seja, traços de posturas egoístas e
manipulação de outros. Estes dados estão em consonância com os dados de Czar
(2011), os quais afirmam que a agressão relacional tem relevância tanto na predição
de traços de psicopatia primária como de psicopatia secundária.

51

Tabela 15
Relação entre agressão relacional e traços de comportamento antissocial em
estudantes universitários (n= 155).
AR

Primária

Secundária

Global

Agressão relacional

0,34**

0,41**

0,45**

Fonte: Autor, 2017.
Nota: *p< 0,05.** p< 0,01

Também foi investigada a relação entre traços de comportamento antissocial
e impulsividade/Falta de controle inibitório. A tabela 16 mostra que os traços de
comportamento antissocial, aqui avaliados pelos escores de psicopatia primária (n=
155; r= 0,21; p<0,05); secundária (n= 155; r= 0,64; p< 0,05); e, global (n=155; r=
0,46; p< 0,05) apresentaram relações positivas de magnitudes moderadas,
estatisticamente significativas com os escores da escala de impulsividade global, ou
seja, a falta de controle inibitório. Estes achados estão de acordo com os achados
de Baskin-Sommers et. al.(2015), Zeier et al (2012), Sprague e Verona (2010),
Weidacker et.al.(2017), Bagshaw R (2014) e Kim e Jung (2014), os quais afirmam
que quanto maior a falta de controle inibitório, maior será o nível de traços de
comportamentos antissociais.
Os achados da presente dissertação mostram ainda, uma relação diferente
entre os traços de psicopatia primária e secundária. De acordo com os resultados, a
impulsividade por não planejamento possui relação com traços de psicopatia
secundária (n= 155; r= 0,52; p< 0,05), contudo, não se relaciona com traços de
psicopatia primária (n= 155; r= 0,10; p< 0,05), isso quer dizer que, quanto maior for a
impulsividade por falta de planejamento, maior será o nível de traços de psicopatia
secundária, visto que este domínio de psicopatia está mais propenso ao prejuízo no
controle inibitório, incluindo aspectos como a impulsividade, a ausência de metas de
longo prazo, e baixa tolerância à frustração (FERRIGAN et al., 2000; HARE, 2003).

52

Tabela 16
Relação entre tipos de impulsividade/Falta de controle inibitório e traços de
comportamento antissocial em estudantes universitários (n= 155).
Impulsividade

Primária

Secundária

Global

Motora

0,21**

0,40**

0,34**

Atencional

0,17*

0,53**

0,37**

Não planejamento

0,10

0,52**

0,32**

Global

0,21**

0,64**

0,46**

Fonte: Autor, 2017
Nota: *p< 0,05. ** p< 0,01

Constatou-se, conforme apresentado na tabela 17, que os escores de
agressividade física (n= 155; r= 0,45; p<0,01); agressividade verbal (n= 155; r= 0,43;
p< 0,01); raiva (n= 155; r= 0,37; p< 0,01), hostilidade (n= 155; r= 0,45; p< 0,01)e
agressão geral (n= 155; r= 0,54; p< 0,01) apresentaram relações positivas de
magnitude moderadas (DANCEY; REIDY, 2013) estatisticamente significativas com
o escore de agressão relacional. Isto indica que quanto maiores os níveis de
agressividade física, verbal, raiva e hostilidade, maior o índice de agressão
relacional e/ou vice-versa. Contudo, na literatura não foram encontrados estudos
que compreendam tal relação de modo explícito.

Tabela 17
Relação entre tipos de agressividade e agressão relacional em estudantes
universitários (N= 155).
Agressividade

Agressão relacional

Física

0,45**

Verbal

0,43**

Raiva

0,37**

Hostilidade

0,45**

Geral

0,54**

Fonte: Autor, 2017.
Nota: *p< 0,05. ** p< 0,01

53

Além de investigar as relações entre comportamento agressivo, impulsivo/falta
de controle inibitório e traços de comportamento antissocial, também se buscou
compreender a relação dessas variáveis com alguns domínios das funções
executivas, como atenção, memória operacional, controle inibitório, tomada de
decisão e planejamento.
O exame da tabela 18 mostra a relação da impulsividade/falta de controle
inibitório com alguns domínios das funções executivas. De acordo com os dados não
houve relação entre impulsividade global (que envolve as diferentes expressões da
impulsividade) com a atenção (n= 155; r= 0,03; p< 0,01), memória operacional (n=
155; r= 0,03; p< 0,01), capacidade de tomada de decisão e planejamento (n= 155; r=
-0,00; p< 0,01) e controle inibitório (n= 155; r= -0,10; p< 0,01), avaliado pela
quantidade de acertos do teste Stroop.

Tabela 18.
Relação entre impulsividade/ Falta de controle inibitório e funções executivas:
atenção, memória operacional, tomada de decisão e planejamento e controle
inibitório (n= 155).
Memória

Tomada de decisão

Controle

operacional

e planejamento

inibitório

-0,04

0,05

0,10

-0,08

0,12

0,12

-0,08

-0,06

-0,10

-0,02

-0,10

0,03

-0,00

-0,10

Impulsividade

Atenção

Motora
Atencional
Não
planejamento
Global

-0,03
0,03

Fonte: Autor, 2017.

A tabela 19 mostra a relação entre as diferentes expressões da agressividade
(aqui avaliados pela agressão global) com alguns componentes das funções
executivas. Os dados da tabela 19 mostram que não houve relação entre atenção
(n= 155; r= 0,06; p< 0,01); memória operacional (n= 155; r= 0,10; p< 0,01);
capacidade de tomada de decisão e planejamento (n= 155; r= -0,08; p< 0,01)e
controle inibitório por meio da quantidade de acertos no Stroop test (n= 155).

54

Tabela 19.
Relação entre tipos de agressividade e funções executivas: atenção, memória
operacional, tomada de decisão e planejamento e controle inibitório (n= 155).
Memória

Tomada de decisão

Controle

operacional

e planejamento

inibitório

0,16*

0,14

0,02

0,04

Verbal

0,04

0,05

-0,07

0,08

Raiva

0,05

0,06

-0,12

-0,09

Hostilidade

-0,01

0,08

-0,06

-0,00

Geral

0,06

0,10

-0,08

-0,01

Agressividade

Atenção

Física

Fonte: Autor, 2017.
Nota: *p< 0,05.

A tabela 20 mostra a relação entre agressão relacional e os diferentes
componentes das funções executivas. Os dados mostram que não houve relação
entre agressão relacional e atenção (n= 155; r=0,02; p< 0,01), memória operacional
(n= 155; r= 0,16; p< 0,01), Tomada de decisão e planejamento (n= 155; r=-0,05; p<
0,01) e controle inibitório (n= 155; r=0,02; p< 0,01).

Tabela 20
Relação entre agressão relacional e funções executivas: atenção, memória
operacional, tomada de decisão e planejamento e controle inibitório (n= 155).
AR
Agressão
relacional

Atenção

0,02

Memória

Tomada de decisão

Controle

operacional

e planejamento

inibitório

0,16*

-0,05

0,02

Fonte: Autor, 2017.
Nota: *p< 0,05.

A tabela 21 mostra a relação entre os traços de comportamento antissocial,
aqui avaliados pelos traços de psicopatia primária, secundária e psicopatia global e
os diferentes subdomínios das funções executivas. O exame da tabela 21 mostra
que não houve relação entre os diferentes traços de psicopatia (global) e os
componentes das funções executivas atenção (n= 155; r=-0,09; p< 0,01); memória

55

operacional (n= 155; r=-0,19; p< 0,01); Tomada de decisão e planejamento (n= 155;
r=-0,06; p< 0,01) e Controle inibitório (n= 155; r=-0,05; p< 0,01).

Tabela 21
Relação entre traços de comportamento e funções executivas: atenção, memória
operacional, tomada de decisão e planejamento e controle inibitório (n= 155).
Memória

Tomada de decisão

Controle

operacional

e planejamento

inibitório

0,06

0,09

0,03

-0,05

0,12

0,10

0,07

-0,01

0,09

0,19

0,06

-0,05

Psicopatia

Atenção

Psicopatia Primária
Psicopatia
secundária
Psicopatia geral
Fonte: Autor, 2017.

No presente estudo, pode-se observar que os domínios das funções
executivas: atenção, memória operacional, capacidade de tomada de decisão,
planejamento e controle inibitório estão preservadas, isto mostra o amadurecimento
do córtex pré-frontal para a população do estudo: jovens entre 18 e 35 anos
(M=23,25; DP=3,89). Este achado está em consonância com Consenza e Guerra
(2011), onde afirmam que o processo de maturação do córtex pré-frontal é contínuo,
contudo, durante do nascimento à vida adulta, ocorrem surtos de desenvolvimentos,
que ocorrem aos dois anos e entre os seis e oito anos, e continuam, de forma
acentuada, até o final da adolescência e início da idade adulta.

8.1 Limitações e direcionamentos futuros

Algumas limitações importantes e dificuldades neste estudo devem ser
consideradas, para que as mesmas sejam controladas em possíveis reproduções
em estudos futuros. Dentre essas limitações, merecem destaque: a) Utilização de
testes mais sensíveis a população, visto que todos os instrumentos utilizados são
disponibilizados gratuitamente e podem não ser considerados como o padrão-ouro
para avaliação das diversas funções aqui avaliadas; b) Utilização de medidas
fisiológicas como mensuração do cortisol para detecção substâncias que alterem o
sistema nervoso central presente no momento da avaliação; c) Monitoramento da

56

atividade cerebral, como ressonância magnética, corrobando ou refutando dados de
auto-relato; d) Aplicação de um instrumento para avaliação de transtornos mentais
que possam estar presentes, sem depender apenas de medidas de auto-relato; e)
Teste aplicados em maior quantidade de dias, para evitar a fadiga dos participantes
e evitar vieses nos resultados; f) Utilização de avaliações do ciclo circadiano, a fim
de assegurar a aplicação dos instrumentos em diferentes momentos do dia de
acordo com a melhor produtividade do probando;

g) Testes de agressão e

impulsividade mais objetivos e diretos; h) Utilização de testes validados para a
população brasileira e h) Comparação de um grupo controle, que possuam as
funções executivas alteradas para posterior analogia.

57

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo mostrou a relação entre comportamento agressivo (físico,
verbal, raiva, hostilidade e relacional), comportamento impulsivo (motor, atencional e
por não planejamento), ou seja, falta de controle inibitório, traços de comportamento
antissocial e funções executivas (atenção, memória operacional, tomada de decisão,
planejamento e controle inibitório). Os dados obtidos mostraram que existe relação
entre agressão relacional e os subtipos de impulsividade motora, atencional, geral,
mas não apresentou relação com a impulsividade por não planejamento, isto se
deve ao fato de que pessoas que cometem este tipo de agressão, precisam de uma
boa capacidade de manipulação e consequentemente de planejamento, já que se
trata de uma agressão que ocorre de forma indireta. Foi constatado também que as
diferentes formas de agressão se relacionaram com a impulsividade, contudo de
formas diferentes.
O estudo também mostrou relação entre todas as formas de agressão e
traços

de

comportamento

antissocial.

Também

apontou

a

relação

entre

impulsividade e traços de comportamento antissocial, entretanto, a impulsividade se
relacional de forma mais forte com traços de comportamentos antissociais
secundários, do que com traços primários, isso pode ser explicado pelo fato de que
pessoas com traços antissociais secundários, apresentam maior falta de controle
inibitório, e estilo de vida auto-destrutivo. O estudo também apresentou a relação
entre as diferentes formas de agressão com a agressão relacional.
Pode-se observar ainda, de acordo com este estudo que, os domínios das
funções executivas: atenção, memória operacional, capacidade de tomada de
decisão, planejamento e controle inibitório, não se relacionaram com a agressão,
impulsividade e comportamentos antissociais, isto mostra que o funcionamento
executivo dos estudantes está preservado, o que evidencia o amadurecimento do
córtex pré-frontal, visto que se trata de uma população composta de universitários
entre 18 e 35 anos.
Cabe ressaltar que os resultados encontrados precisam ser levados em
consideração no desenvolvimento de intervenções terapêuticas, visto que a relação
entre os comportamentos agressivos, impulsivos e antissociais se associam de
forma diferente, além disso, tais programas podem ajudar indivíduos com problemas
disruptivos atuando na reabilitação de funções executivas, visto que seu bom

58

funcionamento pode refletir na diminuição de comportamentos considerados mal
adaptados, como é o caso da agressão, impilsividade/falta de controle inibitório e
traços de comportamento antissocial.

59

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67

APÊDICES

68

APÊNDICE A
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E.)

“O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após
consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou
por seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na
pesquisa.” (Resolução. nº 196/96-IV, do Conselho Nacional de Saúde)

Eu,....................................................................................................................., tendo sido
convidad(o,a) a participar como voluntári(o,a) da pesquisa intitulada: “ANÁLISE DO
ENVOLVIMENTO DO COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL, TRAÇOS DE
IMPULSIVIDADE E AGRESSIVIDADE SOBRE A AGRESSÃO RELACIONAL E
AS HABILIDADES DESEMPENHADAS PELAS FUNÇÕES EXECUTIVAS EM
ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS.”, recebi da Sr. Priscila Barbosa Bezerra, pósgraduanda do Mestrado em Psicologia da UFAL, sob orientação do Pesquisador
responsável Prof. Dr. Raner Miguel Ferreira Póvoa, as seguintes informações que me
fizeram entender sem dificuldades e sem dúvidas os seguintes aspectos:
1. Que o estudo se destina a avaliar algumas funções mentais importantes para o meu
dia-a-dia.
2. Que a importância deste estudo é a de verificar se estas funções estão dentro do
esperado.
3. Que os resultados que se desejam alcançar são os seguintes: fazer uma avaliação
destas funções.
4. Que esse estudo começará em 2015 e terminará em 2016.
5. Que o estudo será feito da seguinte maneira: participarei fazendo apenas os testes
neuropsicológicos, após uma entrevista rápida.
6. Que eu participarei das seguintes etapas: 1) assinatura deste termo; 2) testes
psicológicos e neuropsicológicos.
7. Que não temos a disposição outros meios conhecidos para se obter os mesmos
resultados.
8. Que os incômodos que poderei sentir com a minha participação são os seguintes:
pequeno cansaço mental caso esteja passando por um período de intenso estresse ou
ter tido um dia bastante atarefado. Nestes casos, pediremos ao candidato que não se
insira na pesquisa.
9. Que os possíveis riscos à minha saúde física e mental são mínimos, mas existem, tais
com: possível constrangimento em responder as perguntas, podendo surgir, ainda,
lembranças inoportunas de fatos biográficos indesejáveis durante a realização dos
testes neuropsicológicos.
10. Todos estes riscos foram cuidadosamente levados em consideração no planejamento
da presente pesquisa. Deste modo, os testes serão realizados de forma individualizada
em ambiente que permite o máximo de privacidade. E, ainda, deverei contar com a
seguinte assistência: do serviço de atendimento na clínica de Psicologia da UFAL, do
pronto-atendimento dos pesquisadores envolvidos e do orientador responsável.

69

11. Que os benefícios que deverei esperar com a minha participação, mesmo que não
diretamente são: Estas minhas funções mentais serão medidas e eu terei o retorno dos
resultados obtidos por parte dos pesquisadores.
12. Que a minha participação será acompanhada do seguinte modo: serei recebido pelo
responsável do projeto, o qual explicará inicialmente a importância do estudo e da
minha contribuição para ele. Em seguida será iniciada a fase de leitura destes termos
para, finalmente, dar início a avaliação.
13. Que, sempre que desejar serão fornecidos esclarecimentos sobre cada uma das etapas
do estudo.
14. Que, a qualquer momento, eu poderei recusar a continuar participando do estudo e,
também, que eu poderei retirar este meu consentimento, sem que isso me traga
qualquer penalidade ou prejuízo.
15. Que as informações conseguidas através da minha participação não permitirão a
identificação da minha pessoa, exceto aos responsáveis pelo estudo, e que a
divulgação das mencionadas informações só será feita entre os profissionais
estudiosos do assunto.
16. Que eu deverei ser ressarcido por todas as despesas que venha a ter com a minha
participação nesse estudo, sendo-me garantida a existência de recursos ou que o estudo
não acarretará nenhuma despesa para o sujeito da pesquisa.
17. Que eu serei indenizado por qualquer dano que venha a sofrer com a participação na
pesquisa. Esta indenização ocorrerá na forma de atendimentos clínicos gratuito na
clínica psicológica da UFAL.
18. Que o participante da pesquisa receberá uma via, assinada por todos, deste documento.
Finalmente, tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a minha
participação no mencionado estudo e estando consciente dos meus direitos, das minhas
responsabilidades, dos riscos e dos benefícios que a minha participação implicam, concordo
em dele participar e para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO
EU TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.
Endereço d(o,a) participante-voluntári(o,a)
Domicílio: (rua, praça, conjunto):
Bloco:
Nº:
Complemento:
Bairro:
CEP:
Telefone:
Ponto de referência:
Contato de urgência: Sr(a).
Domicílio: (rua, praça, conjunto):
Bloco:
Nº:
Bairro:
Telefone:
Ponto de referência:

Complemento:
CEP:

Cidade:

Cidade:

Endereço do responsável pela pesquisa (OBRIGATÓRIO):
Nome: Raner Miguel Ferreira Póvoa
Grau Acadêmico: Doutor em Ciências Fisiológicas
Instituição Afiliada: UFAL – Universidade Federal de Alagoas
Endereço Postal: Av. Lourival Melo Mota S/N – Cidade Universitária. Instituto de Psicologia.
Fone: (82) 3214-1336

70

Correio Eletrônico: povoaraner05@gmail.com
Nome: Priscila Barbosa Bezerra
Grau Acadêmico: Pós - graduanda do Mestrado em Psicologia da UFAL
Instituição Afiliada: UFAL – Universidade Federal de Alagoas
Endereço Postal: Av. Lourival Melo Mota S/N – Cidade Universitária. Instituto de
Psicologia.
Fone: (82) 3214-1336
Correio Eletrônico: priscilabarbosa.al@gmail.com

ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua
participação no estudo, dirija-se ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Alagoas: Prédio da Reitoria, sala do C.O.C. , Campus A. C. Simões, Cidade
Universitária.
Telefone: 3214-1041

(Assinatura ou impressão datiloscópica
d(o,a) voluntári(o,a) ou responsável legal
- Rubricar as demais folhas)

Nome e Assinatura do(s) responsável(eis) pelo
estudo (Rubricar as demais páginas)

71

APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA NEUROPSICOLÓGICA
Identificador:________________
Data da realização da anamnese / testes: ___________ Examinador:_________________
1. Dados de Identificação:
Nome: _______________________________________________________________
Data de nascimento: ____ / ___ / ______
Idade: ______
Sexo:_______
Estado civil: _______________
Curso: ________________
Período:_______
2. Condição de saúde:
a) Apresenta algum tipo de doença? Qual (is) e há quanto tempo (cada):
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
b) Faz uso de medicamento(s)? Qual (is)?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
c) Sofreu algum tipo de traumatismo craniano? ______Qual idade? ______
Teve sequelas? _____________
d) Algum histórico de abuso infantil? _________ Qual idade? ___________
e) Algum histórico de desnutrição infantil (passou fome)? _____Idade?____
f) Faz uso de bebida alcóolica ou outras drogas? ______ Frequência?_____
g) No momento (agora) sente alguma coisa? (ansiedade, frio na barriga, nervosismo, tonteira, etc.)
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
h) Histórico de Doença mental na família?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________

72

ANEXOS

73

ANEXO A

74

ANEXO B

QUESTIONÁRIO DE AGRESSIVIDADE DE BUSS-PERRY
INSTRUÇÕES – Por favor, leia atentamente as frases abaixo e, pensando em você mesmo (a),
indique o quanto concorda com ou discorda de cada uma delas. Para isso utilize a escala de resposta
a seguir.
1

2

Discordo
totalmente

Discordo
parte

3

4

em Nem
concordo Concordo
nem discordo
parte

5
em Concordo
totalmente

01. ______ Se alguém me bater, eu bato de volta.
02. ______ Quando me provocam o suficiente, é possível que eu bata em outra pessoa.
03. ______ Alguns amigos dizem que sou cabeça quente.
04. ______ Algumas vezes gostaria de saber por que sou tão exigente com as coisas.
05. ______ Eu tenho ameaçado algumas pessoas que conheço.
06. ______ Entro em brigas um pouco mais que outras pessoas.
07. ______ Eu desconfio de pessoas estranhas que são amigáveis demais.
08. ______ Quando decepcionado, deixo minha irritação aparecer.
09. ______ Sei que “amigos” falam de mim pelas costas.
10. ______ Meus amigos dizem que sou bastante discutidor, sempre tenho algo a debater.
11. ______ Algumas vezes me sinto como uma bomba prestes a explodir.
12. ______ Fico furioso (a) facilmente, mas também me acalmo rapidamente.
13. ______ Às vezes fico nervoso(a) sem nenhuma boa razão e não consigo me controlar.
14. ______ Existem pessoas que me provocam tanto que nós acabamos brigando.
15. ______ Eu tenho ficado tão nervoso(a) e irritado(a) que quebro coisas.
16. ______ Quando as pessoas me aborrecem, é possível que eu fale o que realmente penso delas.
17. ______ Tenho dificuldade em controlar meu temperamento.
18. ______ Algumas vezes o ciúme me corrói por dentro.
19. ______ Algumas vezes eu sinto que as pessoas estão rindo de mim pelas costas.
20. ______ Constantemente me vejo discordando das pessoas.
21. ______ Se eu tiver que partir para violência para garantir os meus direitos, eu parto.
22. ______ Uma vez ou outra não consigo controlar a vontade de bater em outra pessoa.
23. ______ Às vezes sinto que a vida tem sido injusta comigo.
24. ______ Quando as pessoas são muito gentis, duvido de suas intenções.
25. ______ Outras pessoas parecem sempre se controlar para não desrespeitar as leis.
26. ______ Eu não consigo ficar calado(a) quando as pessoas discordam de mim.

75

ANEXO C

ESCALA DE IMPULSIVIDADE DE BARRAT - BIS – 11
1
Raramente/
Nunca

2

3

Às vezes

Ocasionalmente

4
Quase sempre/
Sempre

01. ______ Eu planejo tarefas cuidadosamente.
02. ______ Eu faço coisas sem pensar.
03. ______ Eu tomo decisões rapidamente.
04. ______ Eu sou despreocupado (confio na sorte, “desencanado”).
05. ______ Eu não presto atenção.
06. ______ Eu tenho pensamentos que se atropelam.
07. ______ Eu planejo viagens com bastante antecedência.
08. ______ Eu tenho autocontrole.
09. ______ Eu me concentro facilmente.
10. ______ Eu economizo (poupo) regularmente.
11. ______ Eu fico me contorcendo na cadeira em peças de teatro ou palestras.
12. ______ Eu penso nas coisas com cuidado.
13. ______ Eu faço planos para memmanter no emprego (eu cuido para não perder meu emprego).
14. ______ Eu falo coisas sem pensar.
15. ______ Eu gosto de pensar em problemas complexos.
16. ______ Eu troco de emprego.
17. ______ Eu ajo por impulso.
18. ______ Eu fico entediado com facilidade quando estou resolvendo problemas mentalmente.
19. ______ Eu ajo no “calor” do momento.
20. ______ Eu mantenho a linha de raciocínio (“não perco o fio da meada”).
21. ______ Eu troco de casa (residência).
22. ______ Eu compro coisas por impulso.
23. ______ Eu só consigo pensar em uma coisa de cada vez.
24. ______ Eu troco de interesses e passatempos (“hobbys”).
25. ______ Eu gasto ou compro a prestação mais do que ganho.
26. ______ Enquanto estou pensando em uma coisa, é comum que outras ideias me venha a cabeça
ao mesmo tempo.
27. ______ Eu tenho mais interesse no presente do que no futuro.
28. ______ Eu me sinto inquieto em palestras ou aulas.
29. ______ Eu gosto de jogos ou desafios mentais.
30. ______ Eu me preparo para o futuro.

76

ANEXO D
Levenson Self-Report Psychopathy scale
Por gentileza, assinale o quanto você concorda com cada uma das seguintes afirmativas.
Quanto mais você concorda, maior o número que deve ser assinalado e vice-versa.
Discordo totalmente

1 ----- 2 ----- 3 ----- 4

Concordo totalmente

1
1. Eu não me importo com os fracassados
2. Para mim, o que importa é eu “levar a melhor”
3. No mundo de hoje, sinto que é certo fazer qualquer coisa para me
dar bem
4. Meu principal objetivo na vida é acumular o maior número de
bens que eu puder
5. Fazer dinheiro é a minha meta mais importante
6. Eu não me importo com os valores morais, mas apenas com os
custos e os benefícios
7. As pessoas que são burras o suficiente para serem enganadas
geralmente merecem isso
8. Cuidar de mim mesmo é a minha maior prioridade
9. Digo às outras pessoas o que elas querem ouvir para que elas
façam o que eu quero
10. Eu ficaria chateado se meu sucesso viesse à custa de outras
pessoas
11. Eu geralmente admiro um golpista inteligente
12. Eu tento cuidar para não magoar outras pessoas para atingir
minhas metas
13. Eu gosto de me aproveitar dos sentimentos das pessoas
14. Eu me sinto arrependido se falo ou se faço coisas que causam
sofrimento a outras pessoas
15. Mesmo se eu estivesse me esforçando para vender alguma
coisa, eu não mentiria
16. Trapacear não é correto porque é injusto com as outras pessoas
17. Eu me meto nos mesmos problemas repetidamente
18. Eu me entedio com freqüência
19. Não tenho problemas para perseguir um objetivo de longo prazo
20. Eu não planejo nada com muita antecedência
21. Eu rapidamente perco o interesse por tarefas que inicio
22. A maioria dos meus problemas se deve ao fato de que as
pessoas não me entendem
23. Antes de fazer qualquer coisa, eu penso com cuidado nas
possíveis conseqüências
24. Eu tenho me envolvido em muitas discussões com outras
pessoas
25. Quando eu fico frustrado, eu descarrego minha raiva de alguma
forma
26. As pessoas dão valor demais ao amor

2

3

4

77

ANEXO E

ESCALA DE AGRESSÃO RELACIONAL
Pense em suas interações e relações com seus pares, família e comunidade. Em
suas interações com seus pares, família e comunidade, você concorda com o
seguinte:
1. Discordo plenamente
2. Não concordo
3. Concordo
4. Concordo plenamente
_____ 1. Está tudo bem em falar sobre alguém de quem você não gosta.
_____ 2. Eu contei uma "piada malvada" sobre alguém na frente de um grupo.
_____ 3. Está tudo bem em repetir um rumor que você já ouviu.
_____ 4. Quando alguém se fala mal de alguém, a popularidade desta pessoa pode
diminuir.
_____ 5. Quando se fala mal de alguém, está tudo bem se este „alguém‟ falar mal da
pessoa que o caluniou (dar o troco).
_____ 6. Quando você ouve um colega ou amigo falando mal de você, você deve
enfrentá-lo.
_____ 7. Quando você ouve um colega ou amigo falando mal sobre você, está tudo
bem falar mal dele também (dar o troco).
_____ 8. Não há problema em falar sobre um amigo, se você está apenas brincando.
_____ 9. Não há problema em evitar o seu amigo se você está bravo com ele.
_____ 10. Não há problema em postar em seu site (ou algo do gênero) algo negativo
sobre um colega que fez você ficar furioso.
_____ 11. Mulheres espalham boatos mais do que homens.
_____ 12. Mulheres ignoram uma amiga que a caluniou mais do que os rapazes.
_____ 13. Os homens falam mal sobre seus amigos.
_____ 14. Quando as pessoas estão sussurrando e olhando em sua direção eles
provavelmente estão falando de você.
_____ 15. Eu falei com um amigo de alguém que eu não gostava, a fim de deixar a
pessoa que eu não gostava furiosa.
_____ 16. Está tudo bem fazer “cara feia” para alguém que você não gosta.
_____ 17. Está tudo bem falar mal de alguém “em suas costas”.
_____ 18. Se alguém olha para você por um tempo... ele provavelmente não gosto de
você.
_____ 19. Eu já falei mal de alguém quando ele não estava por perto.
_____ 20. Eu já ouvi uma pessoa falando mal sobre o seu amigo quando ele não
estava por perto.
_____ 21. Eu ouvi alguém de minha família falando mal sobre o seu amigo quando ele
não estava por perto.
_____ 22. Eu ouvi meu irmão falando mal sobre o seu amigo quando ele não estava
por perto.
_____ 23. Eu já ouvi pessoas no meu bairro falando mal de alguém “em suas costas”.
_____ 24. Meus pais me encorajam a falar mal de um amigo.
_____ 25. Meu amigo me tratou mal sem me dizer o que eu fiz de errado.
_____ 26. Só por diversão, meu amigo e eu falamos mal de alguém quando este
alguém estava passando.
_____ 27. Quando alguém se veste mal, não há problema em falar mal dele.

78

ANEXO F
Digit Span
ORDEM DIRETA

ORDEM INVERSA

3) 5- 8- 2
3) 6- 9- 4

2) 2- 4
2) 5- 8

4) 6- 4- 3- 9
4) 7- 2- 8- 6

3) 6- 2- 9
3) 4- 1- 5

5) 4- 2- 7- 3- 1
5) 7- 5- 8- 3- 6

4) 3- 2- 7- 9
4) 4- 9- 6- 8

6) 6- 1- 9- 4- 7- 3
6) 3- 9- 2- 4- 8- 7

5) 1- 5- 2- 8- 6
5) 6- 1- 8- 4- 3

7) 5- 9- 1- 7- 4- 2- 8
7) 4- 1- 7- 9- 3- 8- 6

6) 5- 3- 9- 4- 1- 8
6) 7- 2- 4- 8- 5- 6

8) 5- 8- 1- 9- 2- 6- 4- 7
8) 3- 8- 2- 9- 5- 1- 7- 4

7) 8- 1- 2- 9- 3- 6- 5
7) 4- 7- 3- 9- 1- 2- 8

9) 2- 7- 5- 8- 6- 2- 5- 8- 4
9) 7- 1- 3- 9- 4- 2- 5- 6- 8

8) 9- 4- 3- 7- 6- 2- 5- 8
8) 7- 2- 8- 1- 9- 6- 5- 3

79

ANEXO G
STROOP TEST

80

81

ANEXO
IGT